19 fevereiro 2008

FIDEL

Fidel Castro anunciou hoje que se demitia da presidência cubana. O dinossauro finalmente sai de cena.
Fidel ganhou. Sai da presidência quando quer e pelos seus próprios meios. Nem os americanos, tão poderosos, nem o embargo, tão inútil como fútil, conseguiram fazer Fidel cair. Fidel sai porque quer, não porque foi obrigado a fazê-lo. O muro de Berlim caiu, mas Fidel não ruiu. A União Soviética desintegrou-se, mas Fidel manteve-se firme. A Europa de Leste virou-se a Ocidente, Cuba permaneceu na neblina das utopias. No final, a única coisa que o derrotou foram as coisas que nos derrotam sempre: a doença e a velhice. Nem um ditador que remonta ao tempo dos dinossauros, nem um revolucionário lendário, conseguiu escapar a esse destino.
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Fidel ganhou. Quem perdeu foram os cubanos. Apesar de Gabriel Garcia Marquez ser um confesso admirador de Fidel, o seu (melhor?) livro "O Outono do Patriarca" poderia ter Fidel como ditador. O ditador que envelheceu e envelheceu um país. Um ditador que agoniou e agoniou um país. Um ditador que congelou e que congelou um país. Um ditador. Um ditador.
O seu legado é um misto de bom e de mau. Mais de mau do que de bom, é certo, mas há coisas boas. O elevado nível de educação dos cubanos. O sistema de saúde. O orgulho nacional. E se a nível social o que ficará será a repressão e a ditadura, a nível económico as maiores heranças de Fidel serão a estagnação e o marasmo. Ainda assim, a longo prazo, a recuperação económica de Cuba será mais fácil devido ao elevado nível educativo.
Agora é só esperar que o homem morra. Para então finalmente Cuba poder voltar à sociedade das nações. Para então Cuba poder regressar ao mundo.

2 comentários:

Gi disse...

Suspeito que a morte será anunciada em breve. Mas não sei se será suficiente. Oxalá.

Alvaro Santos Pereira disse...

É provável Gi. É provável. Para os cubanos o que interessa é saber se haverá alguma mudança ou não. Raul Castro tem falado em reformas. Principalmente a nível económico. Veremos se elas se concretizam e qual o efeito na cena política cubana