O PUBLICO actualiza hoje os dados das assimetrias regionais portuguesas. De acordo com os últimos dados disponíveis da União Europeia (referentes a 2005), a economia portuguesa finalmente convergiu (pouco, é certo, mas convergiu) com a média da União Europeia. Mais interessante que uma comparação com os outros (por muito interessante que esta análise seja), vale a pena verificar o que se passa a nível regional em Portugal. Primeiro, o Norte e o Centro continuam a marcar passo. O Norte é já a região mais pobre do país. Claro que existem dois Nortes, o Porto/Minho e o resto, mas, mesmo assim, é significativo que a região nortenha continue estagnada.
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Em segundo lugar, a Madeira foi a única região do país que brilhou economicamente. Podemos achar isto ou aquilo de João Jardim. Podemos argumentar que não existe uma democracia real na Madeira. E podemos até não gostar do estilo mais popularucho do líder madeirense. No entanto, a verdade é que se Portugal tivesse progredido ao ritmo da Madeira na última década, não só não teria havido uma crise (assinalável), como também o nosso PIB per capita estaria muito perto da média europeia. Por isso, antes de criticarmos, vale a pena percebermos o que é que os madeirenses têm feito para conseguir progredir tanto nos últimos anos. Contrariamente à ideia (preconceito?) que vigora entre nós, o progresso da Madeira não é devido à nossa generosidade, não é por causa dos nossos subsídios. É muito mais que isso.
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Em terceiro lugar, é assinalável que a região de Lisboa continua a regredir em termos de níveis de vida. Com efeito, devido ao peso que a região tem na nossa economia, não é exagero dizer-se que a crise lisboeta (económica, não política) é um dos principais factores para a falta de convergência real da economia nacional em relação à economia europeia.
E quem é o culpado pelo declínio relativo da região lisboeta e da região nortenha? A incompetência governamental? O engordamento do Estado? A burocracia da Função Pública? Claro que esses factores não ajudam. E é por isso que reformar o Estado e diminuir a burocracia é tão fundamental. No entanto, o Estado não explica tudo. A nossa crise é mais do que isso. E as crises (da economia real) nas regiões lisboetas e nortenhas são tão ou mais importantes, tão ou mais culpadas, do que o nosso Estado balofo e burocrático.
3 comentários:
E se separássemos o Porto/Minho do restante Norte, este ainda estaria mais estagnado, não é? Seria mesmo uma vergonha. E veríamos a realidae da área do Porto. Porque é que a estatística não os separa?
Fico feliz pelo Alentejo não ser a região mais pobre do país como frequentemente é proferido na comunicação social.
Desculpar-me-á estimado Professor, mas não vejo motivos para satisfação (naquele quadro do PIB por habitante em % por habitante da UE a 27) sobre a tendência portuguesa desde 2000 até 2005. Parece-me que, em termos gráficos, a tendência é descendente. Penso até que a aparente convergência a 27 (que inclui já o alargamento a leste) não deveria ser tida como uma convergência real por excesso mas sim aparente por defeito…enfim, talvez este meu comentário seja uma visão pessimista, reflexo do mero leigo que sou sobre a profundidade das matérias económicas, por isso faça o favor de desculpar. Apreciei muito o articulado do seu texto. Por favor, continue. Cordiais cumprimentos deste seu leitor assíduo.
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