Os economistas falam com cada maior frequência sobre a possibilidade das economias ocidentais mergulharem num novo episódio de estagflação. Aqui está um artigo que escrevi no Diário Económico sobre o assunto (com os dados actualizados):
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"Nos últimos tempos agravaram-se alguns dos sinais preocupantes nas principais economias do mundo. A subida dos preços petrolíferos para os níveis mais altos das últimas décadas, coadjuvada com a maior subida dos preços dos produtos alimentares dos últimos 30 anos, têm preocupado muitos economistas sobre o retorno da tão temida estagflação.
"Nos últimos tempos agravaram-se alguns dos sinais preocupantes nas principais economias do mundo. A subida dos preços petrolíferos para os níveis mais altos das últimas décadas, coadjuvada com a maior subida dos preços dos produtos alimentares dos últimos 30 anos, têm preocupado muitos economistas sobre o retorno da tão temida estagflação.
Nos anos 70, após três décadas de crescimento económico sem precendentes, a maioria das economias registou a coexistência de taxas de inflação altas com a estagnação da actividade económica, da qual resultaram elevadas taxas de desemprego. Esta situação foi despoletada pelos choques petrolíferos de 1973/74 e 1979/1980.
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Ora, a nível da política económica, a grande diferença entre a década de 70 e as décadas anteriores foi o factor surpresa. De facto, nem os agentes económicos, nem os bancos centrais estavam preparados para choques de oferta negativos. Desde a Segunda Guerra Mundial os governos e bancos centrais equiparam-se com uma série de mecanismos para lidar com aumentos ou diminuições da procura agregada, não tendo que se preocupar com o lado da oferta. Este era a receita essencial do keynesianismo. Segundo esta doutrina, em tempos de recessão, o governo deveria estimular a procura agregada para compensar deficiências na procura interna.
Ora, a nível da política económica, a grande diferença entre a década de 70 e as décadas anteriores foi o factor surpresa. De facto, nem os agentes económicos, nem os bancos centrais estavam preparados para choques de oferta negativos. Desde a Segunda Guerra Mundial os governos e bancos centrais equiparam-se com uma série de mecanismos para lidar com aumentos ou diminuições da procura agregada, não tendo que se preocupar com o lado da oferta. Este era a receita essencial do keynesianismo. Segundo esta doutrina, em tempos de recessão, o governo deveria estimular a procura agregada para compensar deficiências na procura interna.
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A situação mudou radicalmente com os choques petrolíferos dos anos 70, dos quais resultaram uma série de choques de oferta negativos. Esses choques petrolíferos levaram a um aumento dos custos das empresas, que resultaram uma subida acentuada da taxa de inflação (devido à importância do petróleo na economia mundial). A subida dos custos das empresas levou a uma descida considerável dos lucros das empresas, da qual resultou um aumento dos despedimentos dos trabalhadores. Deste modo, as taxas de desemprego subiram um pouco por todo o mundo ao mesmo tempo que as taxas de inflação dispararam.
Existem bastantes paralelismos entre a situação actual e as crises petrolíferas dos anos 70. Por um lado, tais como nos anos 70, o preço do petróleo tem aumentado consideravelmente nos últimos tempos. Por outro lado, tais como na década de 70, os agentes económicos e as autoridades monetárias foram apanhados em grande parte distraídos, e por isso responderam inadequadamente aos novos desafios.
A situação mudou radicalmente com os choques petrolíferos dos anos 70, dos quais resultaram uma série de choques de oferta negativos. Esses choques petrolíferos levaram a um aumento dos custos das empresas, que resultaram uma subida acentuada da taxa de inflação (devido à importância do petróleo na economia mundial). A subida dos custos das empresas levou a uma descida considerável dos lucros das empresas, da qual resultou um aumento dos despedimentos dos trabalhadores. Deste modo, as taxas de desemprego subiram um pouco por todo o mundo ao mesmo tempo que as taxas de inflação dispararam.
Existem bastantes paralelismos entre a situação actual e as crises petrolíferas dos anos 70. Por um lado, tais como nos anos 70, o preço do petróleo tem aumentado consideravelmente nos últimos tempos. Por outro lado, tais como na década de 70, os agentes económicos e as autoridades monetárias foram apanhados em grande parte distraídos, e por isso responderam inadequadamente aos novos desafios.
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Porém, uma grande diferença entre os anos 70 e a situação corrente é a experiência dos bancos centrais e dos governos. Se nos anos 70, os bancos centrais cometeram vários erros relativamente ao combate à inflação, actualmente os bancos centrais possuem bastante mais experiência e informação sobre a economia. Por isso mesmo, é provável que os bancos centrais actuem de uma forma muito mais resoluta e esclarecida do que o fizeram na década de 70.
Apesar disso, se a subida dos preços dos produtos petrolíferos se mantiver, podemos certamente esperar nos próximos tempos que as taxas de juro comecem a subir novamente. Esta subida dos juros irá penalizar principalmente o consumo e o investimento privado, bem como as famílias sobre-endividadas (que terão que pagar mais pelos seus empréstimos)... O que podemos estar certos é que os próximos meses serão fundamentais para o desempenho da economia mundial."
Porém, uma grande diferença entre os anos 70 e a situação corrente é a experiência dos bancos centrais e dos governos. Se nos anos 70, os bancos centrais cometeram vários erros relativamente ao combate à inflação, actualmente os bancos centrais possuem bastante mais experiência e informação sobre a economia. Por isso mesmo, é provável que os bancos centrais actuem de uma forma muito mais resoluta e esclarecida do que o fizeram na década de 70.
Apesar disso, se a subida dos preços dos produtos petrolíferos se mantiver, podemos certamente esperar nos próximos tempos que as taxas de juro comecem a subir novamente. Esta subida dos juros irá penalizar principalmente o consumo e o investimento privado, bem como as famílias sobre-endividadas (que terão que pagar mais pelos seus empréstimos)... O que podemos estar certos é que os próximos meses serão fundamentais para o desempenho da economia mundial."
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