Nos últimos anos, vários economistas e politólogos têm investigado os efeitos da fragmentação étnica sobre a democracias e o crescimento económico. Vários estudos demonstram que países com uma maior fragmentação étnica tendem, em média, a ter mais conflitos, menos democracia e mais fraco desempenho económico. Qual é a região do mundo com maior diversidade étnica? África. Com efeito, a fragmentação étnica é muitíssimo maior em África do que em qualquer outra região do globo, com a excepção da Papua Nova Guiné (que não é propriamente conhecida por ser uma região muito desenvolvida).
Ora, os (potenciais e reais) conflitos relacionados com a fragmentação étnica africana foram agravados pelos colonos europeus quando, no século 19, dividiram África em países com fronteiras perfeitamente arbitrárias, sem tomar em linha de conta as divisões étnicas existentes.
Vários trabalhos têm mostrado (ou sugerido) que grande parte da tragédia económica (e militar) africana é resultante deste factor. O Quénia é um caso extremo das divisões étnicas. Existem cerca de 40 etnias diferentes nesse país, das quais as mais populosas são os Kikuyu (22% da população total), os Luhya (14%), os Luo (13%), os Kalenjin (12%), os Kamba (11%), os Kisii (6%), os Meru (6%), e outros (15%). Os dominantes Kikuyu estão concentrados na região Nairobi.
A grande diversidade étnica no Quénia e as desigualdades económicas e sociais existentes têm sido factores de conflito, e a economia tem sofrido o preço. Ainda assim, os últimos anos têm sido de algum progresso, aliás como tem sucedido um pouco por toda a África subsaariana (Moçambique e Angola incluídos). É por isso (para além da questão humanitária) que é tão importante fazer tudo para que o conflito não descambe numa guerra civil ou pior. É por isso que é tão crucial que a comunidade internacional se empenhe verdadeiramente para ajudar o Quénia a sair da crise. É por isso que é tão fundamental que o Quénia não caia, como é costume, no nosso esquecimento.
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