02 janeiro 2008

COMENTÁRIO DOS LEITORES (1)

O Cristiano contesta alguns dos mitos abordados no livro e coloca algumas questões interessantes. Ele pergunta:
“É mito, o facto de eu ter 10 anos de experiência no ensino superior, 6 anos de experiência em consultadoria em sistemas de informação, ser mestre em gestão de informação e ter como vencimento 1020 euros? É mito estar a concorrer a quase todos os empregos em consultadoria de sistemas há mais de 1 ano e até agora ter tido apenas duas respostas para uma entrevista, tendo depois ouvido que se tivesse 25 anos ou se estivesse disposto a receber 800 euros entraria na empresa?É mito concluir que cerca de 60 por cento dos meus antigos colegas de faculdade terem emigrado? É mito concluir que mais 80 por cento dos meus antigos colegas de faculdade que ainda permanecem no país não terem filhos e estarem a trabalhar com recibos verdes contra sua vontade? Tenho muita pena em lhe dizer que, infelizmente, não tem razão em relação aos "mitos". Em Portugal, quem tem mais de 50 anos tem quase só direitos e quase nenhum dever, quem está entre os 40 e os 50 anos é uma questão de sorte e quanto aos restantes não têm praticamente direitos, apenas deveres! Este é o verdadeiro Portugal de 2007.”

Eu concordo completamente que Portugal não tem salários altos. Um trabalhador português médio ainda é cerca de três vezes mais barato do que um alemão ou um sueco. No entanto, o que eu contesto é o facto de nos rotularmos de um país de salários baixos. 1000 euros por mês não dá para grandes (ou nenhumas) folgas. Muito menos com filhos. Mesmo assim, um português médio (incluindo nas áreas de sistemas de informação) é cerca de duas vezes mais caro do que um checo ou um polaco e três vezes mais caro do que um romeno ou um búlgaro. Ou seja, Portugal não tem salários baixos nem altos. Portugal é um país com salários médios, com todos os problemas e dificuldades que isso acarreta. Os salários só subirão através de dois mecanismos interligados: o crescimento económico e a subida da produtividade média.
Por outro lado, a questão do desemprego de longa duração e para pessoas com mais de 45 anos é muito mais delicada. Em todos os países, ficar desempregado aos 40 ou 50 anos é, de uma forma geral, um drama. No fundo, um desempregado com esta idade encontra-se num dilema: tem demasiada experiência e conhecimentos para aceitar (e conseguir) empregos para recém-licenciados, habitualmente menos remunerados. Quando uma economia cresce, tudo é mais fácil. A reciclagem e a rotatividade de empregos acontecem sem grandes dificuldades (e rapidamente). O problema é que Portugal tem registado baixas taxas de crescimento económico. Deste modo, a rotatividade no mercado de trabalho é muitíssimo mais lenta, resultando em maiores dificuldades para os desempregados com mais de 45 anos.
Esta situação é ainda mais dramática se nos lembrarmos que uma das tendências mais acentuadas dos últimos tem sido o envelhecimento das populações. A faixa etária com maiores índices de crescimento no mundo ocidental é a dos centenários. Ou seja, cada vez mais, aos 50 anos não se está perto da reforma, mas sim no meio da nossa vida activa. O que é que o Cristiano pode fazer? Primeiro, nunca desistir. Continuar a procurar um emprego que o satisfaça, quer profissionalmente, quer monetariamente. Segundo, se isso não resultar, porque não usar os conhecimentos para iniciar um projecto próprio? Ás vezes, nas economias, as oportunidades espreitam quando as crises surgem. Porque não pensar que o mesmo se pode passar a nível individual?

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu