03 janeiro 2008

MERCADO DOS LIVROS (2)_ A GRANDE DESCOORDENAÇÃO


O Francisco José Viegas discute aqui a utilidade e a veracidade dos tops livreiros nacionais. Igualmente, vale a pena relembrar o lastimoso estado de descoordenação que existe entre os livreiros, as distribuidoras e as editoras, pelo menos no que diz respeito aos números das vendas de livros.
Se um(a) editor(a) ou um(a) autor(a) quiser saber se um livro está a vender bem, simplesmente isso não é possível, pelo menos na grande maioria dos casos (com a excepção dos grandes best-sellers). Nem é só conhecer os números das vendas semanais, como acontece noutros países por publicações como o Bookseller, o New York Times, entre outros. Eu já nem pedia tanto. No entanto, em Portugal nem sequer as vendas mensais e, por vezes, trimestrais, estão disponíveis. Vivemos num estado de pura ignorância em relação às vendas da grandessíssima maioria dos livros à venda em Portugal.
Com efeito, se um livro vende bem mas não chega aos tops, é extremamente difícil saber se e quando novas edições se justificam. Simplesmente, espera-se até haver poucos exemplares (umas poucas centenas) nos stocks da distribuidora para se decidir fazer (ou não) uma nova edição. Ora, como preparar uma nova edição demora cerca de 10 a 15 dias (até o livro estar disponível nas livrarias), surgem inúmeras situações em que se registam graves atrasos na colocação das novas edições nas livrarias. Como certamente já aconteceu a muitos de nós, muitas vezes vamos à procura de um livro que supostamente está a vender bem e não o conseguimos comprar. Uma edição esgotou-se e a nova ainda não está disponível. E esperamos, esperamos até ele finalmente chegar, ou, então, perdemos simplesmente o interesse.
Como é óbvio, a falta de coordenação e comunicação entre livrarias, editoras e distribuidoras, limitam seriamente a capacidade de resposta na venda de livros. Quem perde? Os autores, as editoras, as distribuidoras e os próprios livreiros. Ou seja, todos. A falta de coordenação entre todos resulta numa situação em que ninguém ganha e todos perdem.
O sector livreiro português continua a proceder como se não existissem computadores para gerir stocks, como se não fosse do interesse de todos haver uma maior coordenação por parte de todos os actores interessados (editoras, distribuidoras e livrarias). Será que já não era hora de mudarmos este lastimável estado de coisas?

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