18 abril 2009

OS PARTIDOS E O DÉFICE

Mais um post da série em que se compara o desempenho dos diversos partidos em relação às diferentes variáveis macroeconómicas. Hoje olhamos para o défice orçamental. Tal como se passa com a inflação, tradicionalmente um partido de direita clássica pretende que o défice orçamental seja o menor possível, enquanto os partidos de esquerda mais tradicionais utilizam os défices para financiar políticas sociais ou mais despesas governamentais. Ou seja, habitualmente, os governos de direita tendem a ter défices orçamentais mais elevados do que os governos de esquerda. Ora, em Portugal tal não acontece. Como podemos ver na tabela abaixo, os governos do PS têm défices orçamentais médios mais baixos (3,6% do PIB) do que os governos do PSD (6,7%), apesar de que as coligações governamentais chefiadas pelo PS têm défices orçamentais médios mais elevados (6,7%) do que os governos de coligação chefiados pelo PSD (5,5% do PIB). Claro que, mais uma vez, um dos problemas de uma análise como esta é que ainda existem muito poucas observações do período democrático, o que tende a afectar os resultados. Além do mais, novamente, existe o efeito Euro: a maior parte dos governos do PS aconteceu entre 1995 e 2008, quando já existiam os critérios de convergência para adesão ao euro ou as regras do Pacto de Estabilidade. Por isso, os governos do PS tendem a exibir um desempenho melhor nestas variáveis.
Ainda assim, é tentador concluir que os partidos do bloco central são mesmo "centrais". Isto é, olhando para os números médios da inflação e do défice orçamental, não existe em Portugal uma divisão marcante entre esquerda e direita nos chamados "partidos do poder", tal como existe, por exemplo no Reino Unido. O que, certamente, não constitui grande novidade. O próximo post desta série irá ser sobre as taxas de desemprego.

Défice orçamental médio em percentagem do PIB:

PS

3.6

PS coligado

6.4

PSD

6.7

PSD coligado

5.5


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