20 abril 2011

REESTRUTURAÇÃO OU NÃO, EIS A QUESTÃO (12)

A Economist também acha que a Grécia, a Irlanda e Portugal não escaparão a uma reestruturação das suas dívidas.

2 comentários:

António Parente disse...

Seria bom que algum jornal investigasse as posições em Credit Default Swaps dos fundos de investimento internacional. Parece-me que se esses países entrarem em default (a reestruturação é isso mesmo, dizer aos credores que não se cumprem os acordos assumidos) alguém vai ter lucros fabulosos.

Os bancos do centro da Europa não vão ter prejuízos com o default destes países. De acordo com as regras internacionais de contabilidade, já devem ter constituído imparidades e feito operações de cobertura do risco de crédito que minimizam possíveis perdas futuras. Se houvesse a possibilidade de prejuízos que pusessem em causa a estrutura financeira dos bancos do centro da europa já se tinha gerado pânico no mercado secundário e a liquidez teria desaparecido. Se as taxas da Grécia estão a 20% e há compradores existe um movimento especulativo "tranquilo".

O principal prejuízo é para os países que entrem em default (a reestruturação é um default). A nível político, a sua credibilidade fica debilitada. O países do centro dominarão, finalmente, as decisões políticas ao nível da união europeia. A nível financeiro, esses países ficarão dependentes do FMI durante muitos e muitos anos. Não há alternativa porque ficarão afastados dos mercados financeiros durante muitos e muitos anos. Quando voltarem pagarão spreads altos (aliás, com as decisões da cimeira de 25 de março pagarão sempre spreads altos a partir de 2013).

Há uma perda de soberania nacional irreversível. Deixa de ser necessário termos partidos, governo e parlamento. São os nossos credores que nos dizem como podemos viver e como devemos gastar. Há sempre quem concorde com isso porque concorda com as políticas do FMI mas eu gostaria de viver num país livre onde os seus cidadãos pudessem decidir viver como gostariam sem interferência externa.

Depois há os efeitos colaterais: Espanha, Itália e Bélgica estão em lista de espera. Ah, já me esquecia! E o leste da Europa?

Finalmente: se três países da união europeia entrarem em default o euro e a dita união desaparecem. Até podem manter-se formalmente mas há ressentimentos que demorarão décadas para serem esquecidos. Quem ganha com isso?

Elisabete disse...

Parecem os "passos" das nossas vias-sacras...
Não teria sido mais rápido e menos doloroso ir "directo ao assunto"?