15 abril 2009

PARTIDOS E CRESCIMENTO ECONÓMICO

A propósito destes comentários do Alfred the Pug e do João Bispo, decidi fazer umas pequenas contas sobre o desempenho económico associado aos períodos governados pelos diversos partidos desde 1976. Assim, dividi os anos por partido e/ou coligação e, em seguida, verifiquei o crescimento económico do PIB ou PIB per capita nesse ano. O passo final foi encontrar a média do crescimento económico das várias possibilidades (governo PS, governo PSD, governo PS coligado, governo PSD coligado). Como houve um governo PS-PSD em meados dos anos 1980, mas o PS chefiava a coligação, PS coligado inclui o governo do bloco central. Os resultados obtidos são os seguintes:
Ou seja, os governos do PSD têm uma pequena vantagem em termos de crescimento económico quando comparados aos governos do PS (3,3% para o PS, 3,6% para o PSD). Esta diferença é mais significativa quando olhamos para o crescimento do PIB per capita (3,4% para o PSD e 2,7% para o PS).
Em segundo lugar, é interessante verificar que os governos de coligação têm sido menos eficazes a estimular o crescimento económico do que os governos de um só partido. Assim, as coligações governamentais chefiadas pelo PS estão associadas a uma taxa média de crescimento do PIB de 0,9% e de 0,7% para o PIB per capita. Por seu turno, os governos do PSD tiveram taxas de crescimento médio do PIB na ordem dos 2,2% e de 1,8% do PIB por habitante.
Nos próximos dias irei verificar o que se passa com outras variáveis macroeconómicas, tais como as taxas de inflação, o crescimento dos salários e os défices orçamentais. Entretanto, se alguém conhecer algum artigo sobre este assunto, terei todo o gosto e interesse em conhecê-lo.

4 comentários:

Augusto Küttner de Magalhães disse...

Álvaro , alguém, julgo que no ultimo Economia - Público, dizia muito bem do Seu ultimoulivro, excepto, no pouco que se debruçou no periodo pós- 25. Abril. Cá está! Optimo.

portugal azevedo disse...

Alvaro
Não me parece interssante este tipo de análise. As séries são muito curtas e o interessante é a tendencia. Por outras palavras, os resultados não são imediatos e dependem do momento inicial.
O que talvez fosse mais interessante era estudar a necessidade da estabilidade governamental e as suas consequencias. Quantos governos teve a Espanha durante o mesmo tempo de democracia? E há o exemplo classico da Argentina que entre as duas grandes guerras foi a 7ª economia mundial e que até hoje (salvo erro) só teve um governo que cumpriu o seu mandato até ao fim.
Como bem explica o Miguel Real temos um coplexo antropofágico de destruir tudo o que os anteriores fazem. E isso tem tido um enorme custo para a nossa economia.
Um abraço

Gi disse...

Ao contrário do Portugal Azevedo, eu acho muito interessante e importante que se esclareçam estas coisas com números e factos, em vez de nos limitarmos a vagas impressões.

lmleitao disse...

Olá Álvaro,

Que belo quadro. Apesar de todas as codicionantes que se escondem por detrás das políticas de esquerda e direita como melhores catalizadores para as taxas de crescimento do PIB e da inflação, não deixa de ser uma análise engraçada. Todavia, deixe-me lançar-lhe um desafio que, tendo em conta já os dados compilados, não será muito difícil. Sugeria um quadro similar (para o PIB e inflação) tendo como base os períodos em que Portugal teve governos de maioria (coligados ou não) em contrapartida com governos sem maioria parlamentar. A leitura teria como objectivo tentar tirar alguma conclusão quanto ao nosso grau de pluralidade eleitoral vs. produtividade. Será que teremos que abdicar de um verdadeira democracia em detrimento de crescimento económico? Ou pelo contrário, quanto maiores as divergências na Assembleia, maiores serão as discussões e dai melhores políticas resultam?
Abraço