Já estão disponíveis os últimos números das contas regionais recolhidos pelo INE. Como podemos ver no próximo quadro, Lisboa e Madeira continuam bastante destacadas ao nível do rendimento por habitante. É igualmente visível que os Açores aproximam-se a passos largos do rendimento médio no continente. A grande divergência regista-se em relação à Região Norte (com cerca de 80% do PIB per capita nacional) e à Região Centro (83,5% do PIB por habitante português).
Duas regiões que, cada vez mais, têm vindo a ficar para atrás em relação ao rendimento médio português. Por que será?
PIB per capita (preços correntes), Portugal =100
Total | Norte | Centro | Lisboa | Alentejo | Algarve | Açores | Madeira |
99.3 | 80.7 | 83.5 | 137.7 | 92.9 | 108.1 | 95.7 | 131.4 |
10 comentários:
Em relação ao Continente a agregação é excessiva. Por exemplo, no Norte o Grande Porto tem de certeza um PIB per capita superior à média nacional, o índica baixa por causa do Vale do Ave, Trás-os-Montes, etc.. No Centro, tem de existir uma diferença significativa entre litoral e interior. No Alentejo um valor do PIB per capita só pode ter origem no Litoral Alentejano (Sines), o resto do Alentejo é um deserto (com excepção de Évora). Mesmo em Lisboa, a Grande Lisboa distingue-se da zona de Setúbal.
Esta é a minha percepção.
O Alentejo e o Algarve têm pouca população, por isso a pouca riqueza produzida é distribuída por poucos. Não nos podemos esquecer que o Algarve é uma região pobre no contexto europeu. São duas regiões sem qualquer indústria de destaque, que vivem de um turismo sazonal, de alguma produção de cortiça ou azeite e de serviços. Números não actualizados, o Algarve tem cerca de 400 000 habitantes, sendo que cerca de 50 000 são estrangeiros; o PIB/per capita algarvio é 75% do PIB7per capital médio da UE. Lamentavelmente, temo que as regiões Norte e Centro sofram uma pesada emigração, e assistam a uma redução considerável da sua população na próxima década.
O ideal era que alguma da população jovem do Norte migrasse para o Alentejo e para o Algarve. São regiões com potencialidades por explorar, mormente na área da agricultura, indústria alimentar, mar e turismo rural. Mas para isso, é preciso fazer algumas reformas, como investir na agricultura se os preços dos terrenos são exorbitantes, e pouca gente está disposta a arrendar? Talvez uma lei dos solos com taxação das mais valias imobiliárias ou a revisão dos poderes das autarquias no que concerne ao Ordenamento, bem como um cadastro nacional dos solos resolvesse o problema. Há alguma gente com vontade de investir, mas o cenário com que se deparam os jovens empresários é muito agreste. E o Estado poderia avançar com algumas reformas simples, que não passam pela atribuição de subsídios, para desbloquear o investimento.
O que é interessante de ver é que as regiões autónomas têm um desempenho melhor que o continente. Para a Madeira costuma-se dizer que é a Zona Franca que inflacciona os números do bem-estar madeirense (não disponho dos dados mas já ouvi dizer que o off-shore correspondia entre 15 e 30% do PIB local). Quanto aos Açores, há pouco a contestar visto que o arquipélago começou a sua História de sucesso à partir de 1986, com accelaramento mais forte a partir de 1994, ou seja depois das grandes vagas de emigração, e com um desenvolvimento mais sustentado baseado na pecuaría, no turismo de qualidade e nos sectores de alto valor acresentado.
Já estou a ouvir os regionalistas que esta é a prova que temos que regionalizar para termos um milagre económico...
Mas então porquê que Lisboa, o símbolo monstruoso do centralismo, estagna a mais de dez anos? Porquê que o Alentejo se desenvolveu nos últimos anos?
Pois, Regionalização já!
Para uns comerem à custa dos outros é que foi rejeitada...
E ainda há quem quisesse que Lisboa crescesse, mas à custa de quem?
Toda a gente olha apenas para o seu umbigo
É para a especulação imobiliária do litoral, continuar a aguentar-se.Os incêndio florescem no PAÍS ano após ano com uma clara intenção para o mesmo fim enunciado anteriormente.
De acordo com as contas do INE, entre 1995 e 2009, o PIB per capita estagnou ou desceu relativamente à média nacional em todas as regiões portuguesas, excepto nos Açores, em que subiu de 81% para 96%, e na Madeira, em que subiu de 85% para 131%(!). Coincidentemente, são as únicas partes do território nacional em que houve regionalização.
E quem teve mais fundos ao dispor(tiverem direito ao fundos da Europa e aos impostos dos continentais). Mas fora de este argumento simplista sabia, explique me lá como o litoral alentejano, uma região que não é regionalizada, tenha chegado a este nível? Só por causa do porto de Sines, então e o Alqueva, porquê que não deu resultado?
http://1.bp.blogspot.com/_qcCNCDato5Q/SkY1-kt6VKI/AAAAAAAAAtw/BTcMemLTRsY/s1600-h/PIB+Portugal-2007.JPG
E a zona de Leiria, que é das mais competitivas do país, consegiu este feito sem ser regionalizada (algo que a Madeira e os Açores são incapazes de fazer, exportar)www.jornaldeleiria.pt/files/_revista_leiria_global_4c99d374a8e21.pdf
Regionalizar para quê? Dar mais tachos, queriar mais institutos, mais ministérios etc? Era o que faltava! Eu prefiro dar mais poder às autarquias (dar-lhes uma fatia mais importante dos impostos, instituir a perequação, ou seja as autarquias mais ricas dão as mais pobres), mas com certas condições (destituir um Presidente de Câmara que não controla os gastos, exegir das câmaras mais pobres de terem uma balança equílibrad, definir objectivos para cada concelhos e caso não sejam respeitados, os vareadores são proíbidos de exercer cargos públicos durante x tempo etc.).
Concordo com o Guillaume Tell, a regionalização é uma falácia, um tremendo embuste. Antes sim uma reforma profunda do poder local, com a fusão de concelhos e de juntas de freguesia, e a redefinição dos poderes das autarquias. Quem promove o desenvolvimento económico são os empresários, não são os políticos, e esses não precisam da regionalização para nada.
No referendo à regionalização, em 1998, os defensores do não invocavam, como projecto alternativo, a atribuição de mais poderes às autarquias locais. Pois bem, o não ganhou. Onde está a descentralização? Onde está a diminuição de assimetrias regionais? Em lado nenhum.
A centralização já foi experimentada e não funciona. Chegou a altura de experimentar a regionalização.
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