O FMI anunciou hoje uma revisão das suas previsões do crescimento económico mundial. Segundo esta organização, o crescimento mundial em 2008 será cerca de 3,7 por cento, mais baixo do que em 2007 (quando a economia mundial cresceu a uma taxa perto dos 5 por cento). 3,7 por cento ainda é uma taxa muito boa historicamente, mas, é claro, já surgiram os habituais profetas da desgraça a jurar a pés juntos que estamos à beira do colapso da economia mundial. Enfim...
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Em Portugal, como estamos numa época de marasmo já há algum tempo, dá-se ainda mais atenção a estes profetas da desgraça. Neste sentido, como o FMI ajustou a previsão sobre o crescimento português para 1,3 por cento (abaixo dos 1,8 por cento anteriormente previstos), já há muitos a avisar que a crise irá continuar, que está mais que provado que o país não sai da cepa torta, que já só nos resta emigrar. Um disparate.
Porém, a dança dos números e das previsões não se fica por aqui. Ontem o governador do Banco de Portugal afirmou que a economia portuguesa deve crescer mais do que a Eurolândia, pela primeira vez em mais de 5 anos. Assim, quem tem razão? O FMI ou o Banco de Portugal?
Provavelmente, os dois até poderão estar certos. O crescimento português deverá ser menor este ano do que o ano passado, por causa do abrandamento da economia mundial. No entanto, a economia nacional poderá crescer acima da Eurolândia, pois a economia europeia parece estar a abrandar mais depressa do que a nacional.
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Mesmo assim, se tivesse que apostar numa destas duas previsões, eu preferia ir com o Banco de Portugal. Porquê? Porque, primeiro, o Banco de Portugal tem um conhecimento mais profundo da economia nacional. Segundo, as previsões do FMI parecem-me tão negativas porque dão mais importância às exportações nacionais, que estão a desacelerar em relação ao ano passado. As previsões do Banco de Portugal dão mais relevância ao investimento, que dá sinais de alguma recuperação.
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Ainda assim, é importante referir que tanto alarido por causa de umas previsões não faz sentido. Previsões são previsões e quase nunca estão certas. Como alguém disse, as contas fazem-se no fim. Entrarmos em pânico por causa de uma meras previsões não tem sentido nenhum.
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