A propósito dos comentários em relação ao post da criminalidade, foram apontados vários factores relevantes. É, de facto, correcto assinalar que as estatísticas oficiais não incluem os crimes que não são participados. Muitos não o são porque são de pequena dimensão e muitos outros não o são porque as vítimas têm receio ou vergonha de o fazer. É assim certo assinalar que as estatísticas do número dos crimes são intrinsicamente incompletas e insuficientes.
Mesmo assim, é importante sublinhar que a tabela apresentada do post é comparativa. Se muitos dos pequenos crimes não são participados em Portugal é muito provável que também não o sejam noutros países.
Por outro lado, apesar de ainda haver um longo caminho a percorrer, parece-me evidente que registámos muitos progressos nesta matéria. Alguém acredita que não existisse pedofilia ou outros crimes horrendos no tempo da ditadura ou mesmo nos anos 80? Será que a pedofilia só surgiu com a internet? Claro que não. Mas as nossas estatísticas assim parecem indiciar.
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É por isso temos que ler e interpretar todas estas estatísticas com a máxima atenção. E temos que estar também atentos às correlações inexistentes que muitas vezes são reportadas nos media. Por exemplo, há uns dias surgiu uma notícia que os crimes sexuais estavam a aumentar em Portugal (uma notícia que, aliás, surgiu da Procuradoria da República). Mas, será que estão mesmo ou será que os números apenas reflectem taxas de participação destes crimes mais elevadas? A resposta é: depende (principalmente do contexto). E é por isso que lá por existir uma série de números não quer dizer que a interpretação associada a esses números seja a correcta. Temos que analisar o processo como esses números foram angariados, bem como o contexto em que foram produzidos. Só então é que estaremos em condições para retirar conclusões.
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