Nas últimas duas décadas, o sector exportador português tem sofrido uma grande transformação e reorganização, cujo ritmo está a ser grandemente acelerado pela nossa adesão ao euro. Para entendermos esta reorganização, analisemos então as principais alterações no sector exportador nacional desde a nossa adesão à UE.
A nível da composição das exportações, as alterações mais substanciais ocorreram a nível do peso relativo dos diversos sectores. Desde 1985, os sectores do vestuário e calçado, agro-alimentar, da madeira, cortiça e papel, bem como os sectores das peles, couros e têxteis, viram baixar significativamente a sua contribuição relativa nas exportações totais. Mais concretamente, em meados da década de 80 estes sectores eram responsáveis por cerca de 70 por cento das exportações portuguesas, enquanto que actualmente o seu peso é de menos de 40 por cento das exportações totais. Em contrapartida, desde 1985, os sectores que viram aumentar significativamente a sua importância relativa nas exportações globais incluem máquinas (de 12 por cento em 1985 para quase 20 por cento do total em 2004) e os materiais de transporte (de 5 para 17 por cento). Estes movimentos divergentes ocorreram não só graças ao início da facturação da Autoeuropa (responsável por 5% das exportações nacionais) e de todos os investimentos associados, mas também devido à crescente perda de competitividade dos nossos sectores tradicionais em relação à Europa de Leste e da Ásia.
A nível da composição das exportações, as alterações mais substanciais ocorreram a nível do peso relativo dos diversos sectores. Desde 1985, os sectores do vestuário e calçado, agro-alimentar, da madeira, cortiça e papel, bem como os sectores das peles, couros e têxteis, viram baixar significativamente a sua contribuição relativa nas exportações totais. Mais concretamente, em meados da década de 80 estes sectores eram responsáveis por cerca de 70 por cento das exportações portuguesas, enquanto que actualmente o seu peso é de menos de 40 por cento das exportações totais. Em contrapartida, desde 1985, os sectores que viram aumentar significativamente a sua importância relativa nas exportações globais incluem máquinas (de 12 por cento em 1985 para quase 20 por cento do total em 2004) e os materiais de transporte (de 5 para 17 por cento). Estes movimentos divergentes ocorreram não só graças ao início da facturação da Autoeuropa (responsável por 5% das exportações nacionais) e de todos os investimentos associados, mas também devido à crescente perda de competitividade dos nossos sectores tradicionais em relação à Europa de Leste e da Ásia.
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É neste contexto que se entende o comportamento bastante modesto das exportações portuguesas recentemente. Para além das exportações nacionais terem tido um crescimento negativo em grande parte dos trimestres nos últimos cinco anos, desde os finais da década de 90 a economia portuguesa sofreu uma perda acumulada de mais de 10 por cento da sua quota de mercado na UE-15. Visto que o comportamento das exportações portuguesas piorou substancialmente desde a adesão ao euro, é tentador concluir que o euro tem sido nefasto para as nossas exportações. Será isto verdade?
À primeira vista poder-se-á argumentar que o euro não tem tido um impacto significativo sobre as nossas exportações. Afinal, é sabido que 80 por cento das exportações nacionais são para o espaço económico europeu (UE-15). Como a grande maioria dos nossos parceiros europeus aderiram igualmente à moeda única, poderíamos facilmente concluir que estarmos ou não no euro pouco afectaria a competitividade das nossas exportações. Nada poderia estar mais errado, pois muitos dos principais competidores das nossas exportações não estão na moeda única. Isto é principalmente verdade em relação aos competidores dos nossos sectores mais tradicionais, os quais não só não estão constrangidos pela política monetária comum como também não sofreram o grande agravamento dos custos que a recente substancial valorização do euro acarretou.
É neste contexto que se entende o comportamento bastante modesto das exportações portuguesas recentemente. Para além das exportações nacionais terem tido um crescimento negativo em grande parte dos trimestres nos últimos cinco anos, desde os finais da década de 90 a economia portuguesa sofreu uma perda acumulada de mais de 10 por cento da sua quota de mercado na UE-15. Visto que o comportamento das exportações portuguesas piorou substancialmente desde a adesão ao euro, é tentador concluir que o euro tem sido nefasto para as nossas exportações. Será isto verdade?
À primeira vista poder-se-á argumentar que o euro não tem tido um impacto significativo sobre as nossas exportações. Afinal, é sabido que 80 por cento das exportações nacionais são para o espaço económico europeu (UE-15). Como a grande maioria dos nossos parceiros europeus aderiram igualmente à moeda única, poderíamos facilmente concluir que estarmos ou não no euro pouco afectaria a competitividade das nossas exportações. Nada poderia estar mais errado, pois muitos dos principais competidores das nossas exportações não estão na moeda única. Isto é principalmente verdade em relação aos competidores dos nossos sectores mais tradicionais, os quais não só não estão constrangidos pela política monetária comum como também não sofreram o grande agravamento dos custos que a recente substancial valorização do euro acarretou.
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Neste sentido, não é surpreendente constatar que a perda de quota de mercado das nossas exportações na UE-15 nos últimos anos se deveu principalmente aos crescentes problemas de competitividade dos sectores do vestuário e do calçado. Deste modo, é patente que o principal impacto do euro na nossa economia foi agravar os problemas de competitividade dos nossos sectores tradicionais. De facto, os sectores exportadores mais produtivos não foram grandemente afectadas pelo euro, visto que as empresas destes sectores puderam compensar os maiores custos inerentes a um euro forte com subidas de produtividade.
É neste sentido que a introdução do euro está a desempenhar um papel fundamental na reorganização da nossa estrutura produtiva e exportadora. Como os dados acima referidos indicam, este processo de reorganização do sector exportador iniciou-se bem antes da adesão ao euro. Porém, o euro tem conduzido a uma aceleração deste processo de reorganização da estrutura produtiva da economia portuguesa, com reflexos óbvios a nível do desemprego e da performance económica. Ao eliminar as muletas das desvalorizações competitivas, o euro funciona como uma espécie de mecanismo de selecção natural que ajuda a diferenciar as empresas mais produtivas das menos competitivas. Ora, a longo prazo, quando esta reorganização estiver concluída, poderemos ter a certeza que não só teremos um sector exportador mais competitivo, mas também uma economia mais saudável.
Neste sentido, não é surpreendente constatar que a perda de quota de mercado das nossas exportações na UE-15 nos últimos anos se deveu principalmente aos crescentes problemas de competitividade dos sectores do vestuário e do calçado. Deste modo, é patente que o principal impacto do euro na nossa economia foi agravar os problemas de competitividade dos nossos sectores tradicionais. De facto, os sectores exportadores mais produtivos não foram grandemente afectadas pelo euro, visto que as empresas destes sectores puderam compensar os maiores custos inerentes a um euro forte com subidas de produtividade.
É neste sentido que a introdução do euro está a desempenhar um papel fundamental na reorganização da nossa estrutura produtiva e exportadora. Como os dados acima referidos indicam, este processo de reorganização do sector exportador iniciou-se bem antes da adesão ao euro. Porém, o euro tem conduzido a uma aceleração deste processo de reorganização da estrutura produtiva da economia portuguesa, com reflexos óbvios a nível do desemprego e da performance económica. Ao eliminar as muletas das desvalorizações competitivas, o euro funciona como uma espécie de mecanismo de selecção natural que ajuda a diferenciar as empresas mais produtivas das menos competitivas. Ora, a longo prazo, quando esta reorganização estiver concluída, poderemos ter a certeza que não só teremos um sector exportador mais competitivo, mas também uma economia mais saudável.
1 comentário:
O Supereuro está está a dificultar grandemente as exportações para as empresas. Os efeitos já se fazem sentir mas para o ano será muito pior. Porque muitos negócios estavam já firmados há meia dúzia de meses e como tal a subida de euro não teve ainda todas as consequências.
Junte a isto uma enorme pressão fiscal( o governo conseguiu antecipar em um ano a redução do deficit ) um código de trabalho que nunca será revisto e o espartilho da excessiva regulamemntação de todas as actividades económicas e imagine quantas empresas portuguesas não conseguirão sobreviver.(o que vale é que agora em meia hora se pode criar uma nova empresa graças ao simplex)
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