Ainda sobre o Zimbabué, o Marco Bento pergunta: "Como foi possível chegar a uma situação dessas? Como se poderá sair desta situação? Que medidas imediatas se deverão tomar? É pertinente falar-se em nacionalizações?"
A situação desesperada que se vive no Zimbabué tem uma causa principal: as más políticas do governo. Que tipo de políticas? O Zimbabué tem muitas, desde a problemas de corrupção crónica até ao populismo desestabilizador do governo. No entanto, a pior de todas é claramente a tentativa de obter receitas para o Estado através da criação de moeda.
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Apesar de ter assumido proporções devastadoras, o caso do Zimbabué é relativamente típico de um país subdesenvolvido com graves problemas fiscais. A grande maioria dos governos dos países mais pobres enfrenta uma grande dificuldade: a base fiscal é reduzida. Isto é, a quantidade de gente que paga impostos é diminuta. Consequentemente, os governos têm que arranjar outros meios para financiar as suas despesas, tanto civis (i.e. educação, saúde, construção de estradas, etc) como militares. Qual é a solução arranjada? Imprimir dinheiro.
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No início, um aumento da quantidade de dinheiro imprimida poderá dar algum impulso positivo ao governo. No entanto, aos poucos e poucos, a inflação começa a subir, corroendo os salários reais dos trabalhadores. O governo responde imprimindo ainda mais dinheiro. E mais. E mais. E mais. E a inflação cresce mais e mais e mais. A certo ponto a taxa de crescimento dos preços (a inflação) assume valores astronómicos. É considerada uma hiperinflação quando é mais do que 20 por cento ao mês.
As hiperinflações são devastadoras e são a maneira mais rápida de destruir uma economia. O dinheiro perde todo o valor e as pessoas voltam a negociar utilizando a troca directa. Foi assim na Alemanha em 1923 (quando a hiperinflação atingiu os triliões por cento), na Hungria em 1956, bem como em vários países africanos e da América Latina.
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Como parar a inflação? Acabando de um dia para o outro com a impressão de dinheiro. Mais do que outras políticas (como nacionalizações ou outras medidas fiscais), o fim da hiperinflação é a prioridade das prioridades. Após esse objectivo ter sido atingido, o governo pode preocupar-se em governar uma vez mais.
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