11 março 2008

A DECLARAÇÃO

A declaração do dia pertence certamente ao presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, que teve o desplante de afirmar que "A volatilidade excessiva e movimentos desordenados nas taxas de câmbio são indesejáveis para o crescimento económico". Como??? Podia repetir??? E como é que se corrigem estes "desordenamentos" da taxa de câmbio? Não é também com as mudanças das taxas de juro? E se está tão preocupado com o crescimento económico europeu e com o supereuro, porque é que não actua? Porque é que teima em manter as taxas de juro europeias a um nível superior às suas congéneres americanas? Se está tão preocupado com o crescimento económico da Eurolândia, porque é que não baixa as taxas de juro, senhor Trichet?
^
Nota: Para quem não conhece as teorias económicas, interessa fazer a seguinte ressalva. Um dos factores que contribui para as mudanças relativas das taxas de câmbio é o diferencial das taxas de juro entre os diversos países. Quando as nossas taxa de juro estão altas, os nossos títulos de obrigações têm uma maior remuneração. Deste modo, os estrangeiros irão procurar comprar as nossas obrigações, levando a um aumento da procura da nossa moeda. Consequentemente, a nossa moeda aprecia-se (devido à maior procura) em relação às outras moedas. Assim, quanto maior for o diferencial entre as taxas de juro dos diversos países, maior é a procura relativa pela nossa moeda, o que causa uma apreciação da mesma.
No contexto actual, como as taxas de juro europeias estão mais altas do que as americanas e como, ainda por cima, a Fed tem baixado as taxas de juro nos últimos meses, o diferencial entre as taxas europeias e americanas têm-se agravado, o que origina:
  • um aumento da procura de obrigações europeias,
  • um aumento da procura do euro
  • uma apreciação do euro em relação ao dólar

Como parar com a contínua apreciação do euro? Muito simples. É preciso diminuir o diferencial das taxas de juro entre a Europa e os EUA. Como? Baixando as taxas de juro europeias, uma coisa que o senhor Trichet (e os outros governadores dos bancos centrais nacionais) não está disposto a fazer.

Sem comentários: