17 março 2008

PORQUE É QUE SOMOS UNS MAL EDUCADOS (6)

Retomamos aqui o tema da nossa falta de educação.
Contrariamente ao que se passa com outros níveis de ensino, Portugal nem gasta acima da média da OCDE a nível do ensino superior. É verdade que gastamos mais por aluno do que a Grécia, a Coreia do Sul ou a República Checa. Gastamos quase tanto como a Espanha e mesmo a Islândia e a França não estão muito longe. No entanto, o caso muda de figura quando comparamos os nossos gastos por aluno do ensino superior com os gastos correspondentes da Bélgica, da Holanda, do Canadá, ou da Irlanda e da Aústria. Ou seja, contrariamente aos outros graus de ensino, ainda há muitos investimentos e despesas para fazer no ensino superior. Principalmente a nível da investigação. É evidente que existe um excesso de professores no ensino superior. Mesmo assim, os gastos com a investigação têm que aumentar para aumentarmos a qualidade do nosso ensino superior .

Figura: Despesas com o ensino superior relativamente ao PIB per capita


(clique na figura para melhor resolução)


Para além dos abandonos escolares e da falta de eficiência nos outros graus de ensino, existe uma patente falta de qualidade do nossos ensino. Pelo menos é isso que nos dizem as estatísticas comparativas do programa PISA, que compara o sistema educativo em 57 países.
A nível dos conhecimentos matemáticos, o gráfico abaixo mostra claramente que os resultados dos nossos estudantes (até aos 15 anos de idade) é pouco satisfatório. É verdade que os nossos estudantes têm melhores resultados do que os estudantes mexicanos e gregos. Mas isso só acontece porque gastamos muito mais por estudante do que esses países. Mais ineficientes que nós só os italianos (que gastam mais por estudante e têm resultados semelhantes a nós). Como podemos ver, a Espanha, a Coreia, a Irlanda, a Hungria, a Polónia e até a Eslováquia gastam menos por estudante do que nós e, mesmo assim, têm resultados superiores ao registados pelos nossos alunos ao nível da matemática. É o que se chama ineficiência educativa.


Nos próximos dias, veremos o que as estatísticas nos dizem a nível das ciências e da leitura.

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