Uma das notícias mais curiosas da imprensa de hoje tem origem no Irão. Não, não é o presidente iraniano que decidiu mudar-se para o Iraque. Nem sequer vai pedir asílio à Venezuela de Chavez. A curiosidade do dia é a decisão de um júri em Teerão, que puniu um marido com o castigo de ter que dar 124,000 (cento de vinte e quatro mil) rosas à sua mulher. Eu gosto de dar rosas (mas gosto mais de gerbéras), mas 124 mil??? Para quê? Aliás, se pensarmos um pouco, é fácil concluir que a oferta de rosas segue a mesma lógica do que outros bens.
Romantismos à parte, inevitavelmente a oferta de rosas sofrerá da lei de rendimentos decrescentes (eu sei, eu sei... é triste e pouco sentimental, mas é verdade). Dar uma rosa causa uma grande satisfação à nossa amada (ou amado). Duas também. Três também. E aí por diante. Porém, se em vez de darmos 9 rosas damos 10, será que o aumento de satisfação (de utilidade, como dizem os economistas) da(o) nossa(o) amada(o) é realmente grande? Não. Provavelmente não. Cada rosa que se dá irá causar um aumento adicional de satisfação cada vez menor. Isto é, ir de zero rosas (o marido avarento) para uma rosa (um marido ternurento) causa uma grande satisfação (em princípio) à pessoa que a recebe. Mas o acréscimo de satisfação quando se dão 10 em vez de 9 já é bem menor.
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Claro que se pode ser um incorrigível romântico e dar 50 ou 100 rosas de uma vez, o que dará uma grande satisfação à sua amada(o). Mas 124 mil rosas??? Hmmm. Não me parece. 124 mil rosas são demasiado caras. Provavelmente a recebedora de tamanha oferta pensaria primeiro o que é que poderia fazer com o dinheiro equivalente a tantos milhares de rosas, não?
PS: Seria interessante se o marido cumprisse a ordem do tribunal de forma literal. O que eu gostaria de saber é onde é que a dita senhora iria pôr as ditas 124 mil rosas. Aqui está a notícia do PUBLICO:
"Um tribunal iraniano condenou ontem um homem a dar à mulher o dote de 124 mil rosas vermelhas que lhe prometera há dez anos, revelou o jornal iraniano Etemad, citado pela AFP.A mulher disse que decidiu reclamar o dote para castigar o marido, que se recusava pagar-lhe um café que seja, adianta o mesmo jornal."Estamos casados há dez anos, mas percebi muito depressa que Shahin era avarento. Quando vamos ao restaurante, ele nem sequer me paga um café", disse Hengameh.Perante o juiz, Shahin reclamou que apenas pode pagar cinco rosas por dia. "Os amigos milionários dela é que lhe puseram estas ideias na cabeça", protestou.Insensível ao protesto, o tribunal seguiu a letra da lei e deu razão a Hengameh e confiscou o apartamento do marido, no valor de 600 milhões de riais (42 mil euros), até este pagar a totalidade do dote que prometeu à mulher. Uma rosa vermelha custa dois dólares (1,3 euros) na capital iraniana, Teerão. Shahin terá de pagar o equivalente a 163 mil euros em rosas a Hengameh."
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