10 março 2008

PROTESTOS NA EDUCAÇÃO

Mais do que um desafio à ministra, a enorme manifestação dos professores no sábado é um reflexo do mal-estar que grassa na Educação. Instabilidade é a palavra de ordem. Desde o 15 de Abril que reformas sucedem-se a reformas e a mais reformas. Ministros vão e vêm em catadupa. Gastam-se rios e rios de dinheiro no sector, tanto ou mais do que os nossos parceiros europeus (em termos relativos). E, mesmo assim, continuamos a ter indicadores medíocres a nível internacional. Algo está mal e precisa ser mudado.
Como muitos dos seus antecessores, a ministra actual tentou fazê-lo, gerando uma enorme onda de protestos por parte dos professores. Quem tem razão? A obstinada ministra? Os sindicatos politicizados? Ou os professores? Provavelmente todos. Pelo menos parcialmente. A ministra tem razão em insistir na avaliação dos professores. Os sindicatos têm razão quando argumentam que as avaliações propostas são demasiado complicadas e pouco funcionais. Os professores têm razão quando defendem que há outras prioridades na Educação.
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Neste sentido, o que era importante era que a manifestação de sábado levasse a um maior diálogo entre as partes. Demitir a ministra (como aconteceu com o ex-ministro da Saúde) não leva a lado nenhum. Só nos faz perder tempo. O que interessava é que as partes se deixassem de antagonismos e debatessem alguns destes assuntos:
  • Precaridade dos professores. A precaridade que milhares e milhares de professores não efectivos vivem todos os anos é um verdadeiro absurdo, um escândalo. Urge fazer os possíveis e impossíveis para acabar com esta situação.
  • Quais são as propostas alternativas às propostas da ministra? Não basta protestar por protestar. Interessa apresentar propostas concretas sobre como melhorar a educação. Quais são?
  • Avaliação dos professores. Como os professores são profissionais como outros quaisquer, têm que ser avaliados. Se a proposta da ministra não serve, qual é a alternativa?

5 comentários:

O Duende Assassino disse...

Subscrevo-o na íntegra!

antonio disse...

Caro Álvaro

Lá vou eu debitar uma vez mais o meu incorrigivel péssimismo. Poucos seriam os professores que conheceriam o projecto de avaliação. A questão é que que qualquer coisa que ponha em causa os interesses instalados das corporações não passa. Não é possivel fazer reformas em Portugal. Só a fingir. E agora lá vai o governo recuar em toda a linha e fingir que o não faz para lavar a face.

Duas notas: 1ª- Há uns anos atrás ia eu de Mundial Turismo do Algarve para Lisboa e uma muito jovem professora de Albufeira sentada a meu lado ia de agenda aberta ao telemóvel comuma amiga programando as baixas para o ano lectivo de forma a rentabilizar feriados e pontes.
2ª- No Sábado no telejornal das 20.00 o jornalista de serviço ia entrevistando participantes na manifestação de professores. E eu ouvi estas duas intervenções:
a) Vim aqui porque farto-me de levar porrada e sou mal paga.
b)Dada a actual conjectura vim apoiar.....

Fique por aí meu caro Álvaro. Não vai ser na sua vida que isto vai melhorar. Mas continue a ser optimista. Dizem alguns médicos que ser optimista aumenta a longevidade e melhora outras coisas.

António

antonio disse...

Caro Álvaro

Lá vou eu debitar uma vez mais o meu incorrigivel péssimismo. Poucos seriam os professores que conheceriam o projecto de avaliação. A questão é que que qualquer coisa que ponha em causa os interesses instalados das corporações não passa. Não é possivel fazer reformas em Portugal. Só a fingir. E agora lá vai o governo recuar em toda a linha e fingir que o não faz para lavar a face.

Duas notas: 1ª- Há uns anos atrás ia eu de Mundial Turismo do Algarve para Lisboa e uma muito jovem professora de Albufeira sentada a meu lado ia de agenda aberta ao telemóvel comuma amiga programando as baixas para o ano lectivo de forma a rentabilizar feriados e pontes.
2ª- No Sábado no telejornal das 20.00 o jornalista de serviço ia entrevistando participantes na manifestação de professores. E eu ouvi estas duas intervenções:
a) Vim aqui porque farto-me de levar porrada e sou mal paga.
b)Dada a actual conjectura vim apoiar.....

Fique por aí meu caro Álvaro. Não vai ser na sua vida que isto vai melhorar. Mas continue a ser optimista. Dizem alguns médicos que ser optimista aumenta a longevidade e melhora outras coisas.

António

Alvaro Santos Pereira disse...

Obrigado Duende e António pelos comentários.
Pois sem dúvida que se tomarmos como linha de conta o que se passou na Saúde (com a demissão do ministro) não ficaria muito surpreendido se o governo recuasse. Esperemos que não. Mesmo que a ideia de avaliações tenha sido feita atabalhoadamente, o princípio é bom e deve ser seguido.

Anónimo disse...

Caro amigo António,
Sejemos sérios. Os professores nunca se opuseram à avaliação. E é falsa a imagem de que os professores não eram avaliados. Porque ela até existia no antigo ECD. Poder-se-ia era discordar da forma e dos critérios de avaliação. Mas isso era facilmente resolvido. Agora temos um governo que quer ser mais papista que o papa e, pior, que põe a dignidade dos professores em causa. Porquê? Vá-se lá saber! Traumas de infância? Atirando-lhes para cima o ónus da situação actual da educação? Lavando as mãos como Pilatos. Acha bem, não é? Eu sei de onde vem essa educação. Temos que esperar mais uma ou duas gerações... Se acha que a indignação dos professores é injusta responda-me só às seguintes perguntas.
- Gostaria o Sr. que, tendo sido avaliado com excelente, fosse preterido por outro colega porque a quota tinha sido excedida na sua escola? É a reforma do mérito imposto. Ou seja, uma trapassa para poupar à força. Mas acabar com autarcas corruptos, bancas ladras e especuladores bolsistas, está quieto!
- E quem merece o prémio de excelência? O que dá lições magistrais ou o burocrata dirigista? O governo diz que são estes últimos. Acha V.Exª que isto está correcto? Não é?
- Acha certo quererem amarfanhar as crianças horas a fio dentro das salas de aulas? Que raio de pedagogia/demagogia é esta? Julgam que estando 8 h/dia na sala vão aprender mais? jamais! Querem é bater no professor à sua frente. Um professor que já não sabe o que fazer porque o governo e a sociedade consideram que o menino mal educado pode fazer tudo dentro da sala de aula e até bater no professor se for preciso.
Mas o preocupante é essa sua visão deturpada sobre uma classe que tem feito das tripas coração para aguentar as maleitas da sociedade dentro da sala de aula. Foi escolhida para ser o bode expiatório de todos os males do país. Não é? Ah que eu bem sabia onde o colocava a si, aos Tavares e Rangeis deste país. Bastava uma horita na sala de aula, com uma das turmas do 6º ano da minha mulher! Depois então gostava de ler o seu comentário. Tristeza! Porque não vão ver o que se passa lá fora? Porque não vêem como funciona o sistema inglês? Onde o professor é respeitado (ai de quem) e onde os meninos até farda ainda têm que usar? Ora... vá estudar porque está chumbado!