06 junho 2008

O COLOSSO EUROPEU

Segundo os últimos dados disponíveis, a União Europeia é um colosso. De acordo com o Eurostat, a UE é responsável por 31% da produção mundial (contra 29% dos Estados Unidos e 11% do Japão), é a maior recipiente de investimento directo estrangeiro (com 37% dos fluxos de investimento, contra 23% dos EUA e 4% do Japão) e o maior bloco comercial do mundo (absorbendo 18% do comércio global, contra 17% dos EUA e 8% do Japão). A UE possui também os melhores indicadores fiscais, tanto a nível do défice do sector público como da dívida pública. E se é verdade que o crescimento económico é ainda inferior ao americano, os últimos indicadores sugerem que a recuperação económica está à porta.
Em suma, se olharmos para a maioria dos indicadores de performance económica, será fácil concluir que a UE está bem e recomenda-se. Contudo, neste caso, os números são um pouco enganadores. Apesar do seu peso económico, na prática a UE continua a ser um gigante de pés de barro. Para além de não ter relevância política nem força diplomática, a UE é ainda um anão económico, sem força nem músculo a nível global.
^
Por um lado, a fraqueza económica da UE deve-se à sua fragmentação política e cultural. E se a constituição do mercado único foi um passo decisivo para a consolidação da UE, a verdade é que na prática ainda persistem demasiadas barreiras culturais e nacionais. Porém, a principal razão para a fraqueza económica europeia deve-se ao facto de a UE ainda não ser um verdadeiro líder tecnológico. Afinal, nos últimos 150 anos, a Europa quase nunca foi o líder nas tecnologias de ponta, e os indicadores mais recentes não sugerem uma inversão desta tendência.
Apesar das recentes campanhas destinadas a aumentar a competitividade da UE, os desafios são realmente extraordinários. Em primeiro lugar, a UE está à porta de uma crise demográfica, pois desde o início dos anos 70 que a taxa de fertilidade está abaixo do limiar da renovação populacional. Neste campo, a solução passa necessariamente tanto por aumentos dos incentivos de natalidade (principalmente a nível do pre-éscolar e das estruturas de apoio paternal), como por um aumento da imigração qualificada. Em segundo lugar, a emergência da China e da India criam desafios sem precedentes a nível comercial e industrial. Mesmo assim, a resposta da UE não deve ser o proteccionismo (penalisadora dos consumidores), mas sim uma maior competitividade económica, principalmente nos sectores de maior valor acrescentado.
Para tal, é imperioso continuarmos a insistir na implementação de uma maior flexibilização das economias europeias bem como na atribuição de maiores incentivos à inovação e à investigação. Somente quando se afirmar nos campos da investigação e da inovação tecnológicas é que a UE se poderá tornar verdadeiramente num colosso europeu.

Sem comentários: