26 junho 2008

PORTUGAL ULTRAPASSADO

Já saíram os dados mais recentes do Eurostat sobre o rendimento por pessoa dos europeus (obrigado ao Tiago Villanueva por me alertar para este facto). Os números deste índice estão em paridades de poder de compra e assumem que a média europeia é igual a 100 (pode clicar na tabela para ver melhor). Vários factos devem ser realçados. Primeiro, a Irlanda passou definitivamente de parente pobre da União ao país mais próspero (com a excepção do pequeno Luxemburgo, cujos números são inflacionados pelo sector financeiro). Segundo, a Espanha já é (segundo estes números) mais rica do que a Itália, a qual continua a sua trajectória descendente de estagnação (muito como Portugal). A Grécia já desfruta practicamente de um rendimento médio igual ao do cidadão médio europeu (a 27 países). Este facto é de assinalar, porque há menos de uma década os portugueses auferiam rendimentos superiores aos dos gregos. Como os gregos cresceram e nós não, as consequências estão à vista de todos.
Quarto, continuamos a ser "ultrapassados" por mais e mais países do Leste europeu (bem como Malta e o Chipre). Estaremos assim condenados ao "declínio inequívoco" como Medina Carreira previu num artigo recente do Público? Não. Longe disso. Este cair do ranking relativo deve-se à estagnação económica dos últimos anos. No entanto, não há nada que indique que iremos continuar para sempre neste marasmo económico. Aliás, existem alguns óptimos indicadores nas exportações que irei aqui falar dentro de uns dias.
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Sinceramente, a mim não me preocupam os rankings nem as "ultrapassagens" virtuais de mais este e aquele país europeu. Só me preocupo com uma coisa: quando e como é que o crescimento económico é retomado? O que é que podemos fazer para acelerar este processo? O que fazer para retomar o crescimento dos níveis de vida portugueses?
Por isso, em vez de nos preocuparmos com os outros, o melhor é mesmo fazer tudo para ultrapassar esta crise económica. Estou certo que o conseguiremos. Na nossa história, já o fizemos várias vezes e não será desta que iremos falhar. É tudo uma questão de tempo. O que seria bom era que o governo e a oposição conseguissem avançar com uma série de medidas (fiscais, principalmente) que ajudassem diminuir esse mesmo tempo. O que, manifestamente, não é o caso.

3 comentários:

Anónimo disse...

Isto faz lembrar a doença irlandesa... mas essa foi ultrapassada há anos e anos... a nossa ainda cá anda!

Muito provavelmente, o melhor a fazer nestes próximos anos é tratar os fundos atribuidos pelo QREN como o tesouro que realmente são. São a nossa "ultima chance" e temos de a aproveitar e não desperdiçar aquele dinheiro todo. Se não somos bons na industria, toca a apostar nos serviços! É o sector mais lucrativo (veja-se o luxemburgo, de industria deve ter pouco). É preciso é não gastar o dinheiro todo em mediocridades e aplicá-lo no que realmente nos desenvolve.

Gi disse...

Há uma miopia, para não lhe chamar outra coisa, que parece endémica nos políticos, e que os leva a procurar resolver os problemas das árvores (grandes empresas) esquecendo a floresta (o País), e não se lembrando sequer dos arbustos (pequenas empresas) e das plantas rasteiras (os cidadãos).

Assim não vamos lá.

Alvaro Santos Pereira disse...

Tiago e Gi

Concordo. O problema é que os nossos políticos não têm sido suficientemente pacientes. Querem resultados já!, principalmente antes das eleições. E é por isso que em vez de tentarmos utilizar o dinheiro do QREN de forma mais produtiva, é mais fácil dar impressão de obra feita se insistirmos na política de betão.
Enfim.

Obrigado

Alvaro