Perguntas que a revista Sábado me fez há algum tempo, mas que ainda não tinha tido a oportunidade de colocar no blogue:
Vários analistas e marketeers têm apontado os três F’s (Fado, Futebol e Fátima) como um das razões para a fraca imagem de Portugal no estrangeiro. O que pode mudar agora recorrendo aos mesmos três F’s? Não será uma má solução?
Será que nos devíamos envergonhar por a Mariza ser a coqueluche da World Music nos mercados internacionais? Por cantar em Carnegie Mellon e no David Letterman Show? Será que nos devíamos envergonhar do extraordinário sucesso de José Mourinho e do Cristiano Ronaldo na Inglaterra? Dos recentes feitos da selecção nacional? É claro que não. O Portugal actual já não é, felizmente, o Portugal atrasado, analfabeto e ultra-conservador dos anos 60. Portugal já não é um país de coitadinhos, mas sim um país moderno. Ora, eu não preconizo um retrocesso a esse Portugal tradicional. Pelo contrário. O fado de Mariza não é o fado de Amália. É mais experimental, mais inovador, e mais internacional. Igualmente, o futebol português tem tido sucesso a nível internacional devido às nossas excelentes escolas e academias, que utilizam os melhores métodos existentes para formar jogadores de qualidade. Ora, se temos vantagens comparativas nestas actividades, porquê desprezá-las? Porquê envergonharmo-nos da sua existência? Porquê estigmatizá-las como sendo um retrato de país atrasado? É claro que os três F’s não podem ser as nossas únicas apostas. Temos que apostar cada vez mais em sectores de maior valor acrescentado. Porém, os três F’s deviam ser parte integrante das nossas apostas económicas.
Será que nos devíamos envergonhar por a Mariza ser a coqueluche da World Music nos mercados internacionais? Por cantar em Carnegie Mellon e no David Letterman Show? Será que nos devíamos envergonhar do extraordinário sucesso de José Mourinho e do Cristiano Ronaldo na Inglaterra? Dos recentes feitos da selecção nacional? É claro que não. O Portugal actual já não é, felizmente, o Portugal atrasado, analfabeto e ultra-conservador dos anos 60. Portugal já não é um país de coitadinhos, mas sim um país moderno. Ora, eu não preconizo um retrocesso a esse Portugal tradicional. Pelo contrário. O fado de Mariza não é o fado de Amália. É mais experimental, mais inovador, e mais internacional. Igualmente, o futebol português tem tido sucesso a nível internacional devido às nossas excelentes escolas e academias, que utilizam os melhores métodos existentes para formar jogadores de qualidade. Ora, se temos vantagens comparativas nestas actividades, porquê desprezá-las? Porquê envergonharmo-nos da sua existência? Porquê estigmatizá-las como sendo um retrato de país atrasado? É claro que os três F’s não podem ser as nossas únicas apostas. Temos que apostar cada vez mais em sectores de maior valor acrescentado. Porém, os três F’s deviam ser parte integrante das nossas apostas económicas.
^
Dá aulas fora de Portugal – que diferenças encontra nos países onde tem trabalho face ao ensino e ao mercado de trabalho portugueses?
A nível do ensino, claramente a transparência e a meritocracia. Quando concorro para uma posição numa universidade internacional, eu sei que vão olhar para o mérito do meu currículo quando me avaliam. Se for bom contratam-me, mas, se não o for, não serei escolhido. Não interessa a minha cor política ou os meus conhecimentos e amigos na faculdade em questão. Só os meus dotes de investigador e professor. Pelo contrário, em Portugal, se concorrer a uma posição numa universidade, preciso ter cuidado com a cor política da faculdade, e nunca se sabe se o concurso em questão é uma farsa, destinada a preencher uma vaga já previamente atribuída (o que é o habitual). Ora, estes comportamentos premeiam a mediocridade, o compadrio, a imobilidade e a ineficiência. Somente mudando estas práticas é que poderemos aspirar a um ensino superior com qualidade internacional.
Dá aulas fora de Portugal – que diferenças encontra nos países onde tem trabalho face ao ensino e ao mercado de trabalho portugueses?
A nível do ensino, claramente a transparência e a meritocracia. Quando concorro para uma posição numa universidade internacional, eu sei que vão olhar para o mérito do meu currículo quando me avaliam. Se for bom contratam-me, mas, se não o for, não serei escolhido. Não interessa a minha cor política ou os meus conhecimentos e amigos na faculdade em questão. Só os meus dotes de investigador e professor. Pelo contrário, em Portugal, se concorrer a uma posição numa universidade, preciso ter cuidado com a cor política da faculdade, e nunca se sabe se o concurso em questão é uma farsa, destinada a preencher uma vaga já previamente atribuída (o que é o habitual). Ora, estes comportamentos premeiam a mediocridade, o compadrio, a imobilidade e a ineficiência. Somente mudando estas práticas é que poderemos aspirar a um ensino superior com qualidade internacional.
2 comentários:
Em que ediçao (dia) saiu esta entrevista na Sabado?
cumps
Caro Pinto
Obrigado pela mensagem. A entrevista saiu numa edição de Novembro da Sábado. Nem todas as perguntas sairam e, por isso, postei aqui algumas que não foram então publicadas
Alvaro
Enviar um comentário