17 novembro 2010

A CRISE E O EURO (2)

José Soares da Fonseca apresenta o seguinte pertinente comentário a propósito deste post:
"O euro tornou-se uma máquina de criação de risco de dívida pública, na medida em que 1) esta deixou de poder ser monetarizada; 2) deixou de ser possível o recurso à desvalorização, o que permitiria aliviar o défice aliviar o défice da balança corrente e atenuar a necessidade de capitais externos.
Que vantagens teve a entrada no euro, que se iniciou com a entrada na segunda fase em 1993? Permitiu que se iniciasse uma política de disciplina monetária de redução da inflação e de ruptura com o anterior ciclo vicioso da desvalorização deslizante. Principal senão: Portugal entrou no euro com um défice da conta corrente, que iria "automaticamente" agravar-se, como aconteceu, uma vez desaparecido o sinal dado pelo mercado de câmbios, referente ao desajustamento da cotação externa da moeda em relação ao seu valor de equilíbrio.
Poderá a economia portuguesa sobreviver fora da zona euro? Pode! e até poderá iniciar, de forma consistente, a correcção do desequilíbrio externo, se não for retomada a monetarização da dívida pública, e se a desvalorização inicial que terá lugar for acompanhada por uma política monetária de contenção do refinanciamento, e na qual a expansão da base monetária se faça essencialmente como contrapartida do aumento das disponibilidades sobre o exterior."

Food for thought. Ou muito me engano ou vamos discutir alguns destes argumentos nos próximos tempos, principalmente se a crise se prolongar por mais uns anos, assim como já aqui alertei anteriormente.

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