Alguns de vocês chamaram-me à atenção deste artigo do DN, onde se sugere que tem havido uma desaceleração dos fluxos emigratórios nos últimos anos e onde se diz que a crise internacional travou a emigração portuguesa. Estará isto em contradição com os números da minha investigação e com o que eu tenho dito sobre o regresso da emigração? Não, pelo menos não necessariamente. Os números que refiro no meu artigo (os tais 700 mil novos emigrantes) referem-se ao período entre 1998 e 2008. Ora, a crise internacional acentuou-se no final de 2008 e, por isso, não teve grande repercussão nos fluxos migratórios desse ano. Já para 2009, acredito que tenha havido uma diminuição temporária da emigração, pois alguns dos destinos mais procurados pelos portugueses nos últimos anos (como a Espanha e o Reino Unido) entraram em profunda recessão. É até natural que tenha havido muitos portugueses a regressar desses países, pois o desemprego aumentou bastante em Espanha e no Reino Unido.
Eu não calculei os fluxos de 2009, pois, quando efectuei o meu estudo, ainda não existiam dados para a grande maioria dos países. No entanto, também sabemos que os vistos para Angola têm vindo a aumentar. Assim, enquanto em 2008, 20 mil portugueses perdiram visto para Angola, em 2009 esse número aumentou para 46 mil.
Como já aqui disse, penso que o tira-teimas sobre esta questão só aconterá quando soubermos os números do Censo de 2011. Só então é que veremos se os números da emigração da última década são ou não são comparáveis às décadas de 60 e 70. Pessoalmente, continuo a afirmar que são, pois os dados que obtive dos vários países de destino deixam pouca margens para dúvidas. Para além do mais, quer acreditemos que 70 mil portugueses saíram todos os anos ou que 100 mil portugueses emigraram anualmente, parece-me por demais evidente que estamos a assistir a um regresso em força da emigração. Por mais que isso que nos custe admitir.
Sem comentários:
Enviar um comentário