22 novembro 2010

NOTÍCIAS DETERMINANTES

Duas notícias que poderão ser determinantes para o nosso futuro próximo. Primeiro, a OCDE prevê que o nosso défice externo permaneça muito elevado, rondando os 8,8% do PIB. Ou seja, a OCDE não acredita na previsão do governo que, no Orçamento para 2011, projectou que as importações se iriam contrair enquanto as exportações teriam um rápido crescimento. Porém, muito mais importante do que uma previsão errada é o facto de que Portugal continuará a ter um défice externo muito alto, o que agravará ainda mais o nosso endividamento ao exterior. Notícias que, decerto, não serão bem vistas pelos mercados, agora que os holofotes  da Zona Euro estão sobre nós.
A segunda má notícia (e porventura ainda mais danosa) é que, segundo o DN, os números da execução orçamental, que vão ser divulgados pela Direcção-Geral do Orçamento, irão mostrar que a despesa continua a crescer a bom ritmo. Porquê? Porque os juros da dívida pública já começam a pesar cada vez mais na despesa total, e porque este governo continua a não saber planear ou não saber se precaver para estas eventualidades. Se mais esta derrapagem da despesa se confirmar, certamente que ouviremos o governo a tentar desculpabilizar-se pelo sucedido. É que, coitados, a culpa não é deles. A culpa  dos malvados dos mercados, que estão a fazer subir os juros da nossa dívida soberana, que, por sua vez, cresceu por causa da crise internacional. E quando os juros sobem "inesperadamente" por causa dos malvados dos mercados, as despesas do Estado aumentam sem que nós possamos fazer nada para contrariar esta tendência. Não, não é despesismo, é mesmo só um reflexo da crise do euro, das irresponsabilidads gregas, das hesitações da Europa, da natureza especulativa dos mercados financeiros, e da crise bancária irlandesa. Um enorme azar e um injusto infortúnio, como é óbvio.
Infelizmente, o mais certo é que os malvados dos mercados  continuem a fazer das suas, penalizando-nos ainda mais quando souberem desta nova derrapagem.

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