Segundo o jornal Público (e os dados do IEFP), há actualmente 721 mil pessoas desempregadas ou que desistiram de procurar emprego em Portugal. Destas, 609 mil estão desempregadas e 112 mil são consideradas "desencorajadas", isto é, não estão activamente à procura de emprego e, por isso, não contam para os cálculos da taxa de desemprego. Se tomarmos em linha de conta estas pessoas, o desemprego já atinge mais de 12,7% da população activa portuguesa. E se não contarmos com os desencorajados a taxa de desemprego já ronda os 10,9%. Simplesmente, estas são as taxas de desemprego mais elevadas desde a Primeira Guerra Mundial. Igualmente, uma das tendências mais assinaláveis relacionadas com a subida do desemprego prende-se com o crescimento do desemprego de longa duração, isto é, o desemprego superior a um ano. Actualmente, há 339 mil pessoas desempregadas há mais de um ano, e mais 89 mil do que em 2009. Para além dos inevitáveis reflexos nas contas públicas nacionais (mais desemprego significa mais prestações sociais), a tendência de subida do desemprego de longa duração é extremamente preocupante, visto que é muito mais difícil combater o desemprego de longa duração do que o desemprego de curto prazo. É exactamente por isso que muitos dos desempregados de longa duração, mais cedo ou mais tarde, ficam desmoralizados e optam por deixar de procurar novos empregos (e assim, como já disse, deixam contar para as estatísticas do desemprego). Lamentavelmente, ainda não existe entre nós nenhuma estratégia global de combate ao desemprego de longa duração, a não ser um eventual prolongamento do subsídio de desemprego (para as famílias de rendimentos mais baixos), o que, ironicamente, só tende a prolongar ainda mais a duração do desemprego.
Os dados do IEFP revelam ainda que os mais afectados pelo crescimento do desemprego e do desemprego de longa duração são os trabalhadores menos qualificados, os mais jovens (entre os 15 e os 35 anos), bem como os trabalhadores acima dos 45 anos.
Não restam dúvidas que o desemprego é o problema mais grave da economia nacional, um problema e uma tragédia para dezenas de milhares de famílias portuguesas crescentemente exasperadas com a situação actual. Um problema que, infelizmente, se tenderá a agravar nos tempos mais próximos devido à previsível manutenção da crise económica nacional.
4 comentários:
E quantas soluções ouvimos para resolver isto???????????????????
Pessoalemente não ouvi NADA, portanto aí vão algumas propostas para serem discutidas:
1) Facilitar o despedimento individual e a contratação de trabalhadores. Para o despdimento obrigar as empresas e as comissões de trabalhadores de discutirem um "código da empresa" que caso não seja respeitado pelo trabalhador este será despedido sem direito a indemnização, podando somente fazer recurso parente a sua comissão. Para a contratação basta informar por email a Segurança Social que foi empregado um trabalhador e mais ninguém. Menos burocracia, mais rapidez, mais incentivo a empregar trabalhadores.
2) Limitar o despedimento colectivo, sendo só possível em caso de falência da empresa e só mediante, claro, fortes indemnizações (para quem deslocaliza poderiamos impedir as empresas de levar o material de produção, para as desincentivar a fazer isso).
3) Sobre os benefícios das empresas, quanto maior a empresa fizer poupanças para investimentos futuros, quanto mais der de acções aos trabalhadores ou quanto mais se investir na Investigação e Desenvolvimento, menos impostos uma empresa pagará. Tudo para isto é para incentivar o investimento nas empresas.
4) Fundo de desemprego só é possível para quem frequente aulas de "qualificações" ou se sujeitar a todo tipo de trabalho dispónível.
5) Política de subsídios tem que ser uma política de participação, ou seja Estado passa a ser accionista das empresas que ajuda e estas têm que respeitar acordos com o Governo para poderem cntinuar a ter este apoio (por exemplo, terem lucro, inovarem mais...).
6) Criar um espécie de cartão de identidade para todas as empresas, cartão que informa-se se a dita empresa respeita ou não os contratos.
Obrigado pela atenção.
O apresentado evidencia a gravidade de um problema, o desemprego, reflexo do descalabro do nosso e(E)stado social. Situação que se acentuou nos últimos anos devido aos impactos da crise internacional na economia portuguesa (pequena e demasiado dependente), é um facto, mas sobretudo pelos erros de política económica/orçamental praticada pelos últimos (des)Governos.
Como trabalho, quase diariamente, com grupos de formandos nessas condições, e em duas regiões fortemente atingidas por este problema (Algarve e Baixo Alentejo), sinto as dificuldades dessas pessoas, que nalguns casos são tremendas!
A análise está feita, os números retratam a situação, está feito o diagnóstico e agora?
Quem propõe as soluções?
Quem tem a obrigação de criar emprego?
E se ninguém apresentar soluções e se não houver quem crie empregos, o que se faz? Deixa-se andar, deixa-se crescer a pobreza, deixa-se sofrer? deixa-se morrer?
Gostaria de conhecer a posição do professor, no português com que escreve, sem recorrer ao "economês" de que estamos inundados pelos economistas de serviço, jornalistas, opinadores...
Obrigado
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