Está tudo dito quando um primeiro-ministro afirma que uma despesa a menos é também uma receita a menos e que, por isso, o "défice fica igual". Ou seja: não vale a pena cortar nas despesas do Estado, pois teremos igualmente menos receitas. Com esta lógica simplista (e altamente errada), como é que nos podemos surpreender que temos hoje a dívida pública mais elevada dos últimos 160 anos? Como é que nos podemos lamentar por termos a maior dívida externa dos últimos 120 anos? Como é que podemos ficar admirados se as execuções orçamentais dos últimos dois anos tenham sido tão medíocres? Como é que nos podemos espantar por termos sido forçados a recorrer à ajuda externa? E como é que nos podemos surpreender por o despesismo do nosso Estado continuar imparável e de excelente saúde? Como?
7 comentários:
Então vamos aumentar a despesa que a receita também aumenta na mesma percentagem. Será? - A que ponto chegou a formação e o raciocínio dos nosso governantes. Lamentável!
Carlos Pereira
A questão é que o "chico-esperto" pretendeu fazer passar a ideia que os atrasos eram só nas entregas de IRS retido aos trabalhadores... É totalmente mentira! Há organismos do Estado que não pagam aos fornecedores comuns desde o início do ano! Aposto que vão pagar para a semana!
Tem toda a razão. Por aqui se vê como o nosso primeiro é um incompetente, em falando de gestão. E como lhe fez falta um ministro das Finanças tipo Sousa Franco, para não falar do seu primeiro ministro das Finanças que ele dispensou de imediato, quando percebeu que não falavam a mesma língua...
Por outro lado, antigamente, reter contribuições para a Segurança Social dava cadeia, como aconteceu ao homem da Oliva, que ficou como "exemplo único". Estou admirado por não se falar mais disso...
Como? Simples: com uma ordem de prisão!
Caro Professor Alvaro Santos Pereira:
Posso estar completamente enganado - afinal, não sou aluno do primeiro ano de qualquer curso de economia - e,se estiver, por favor corrija-me. Como é que, um primeiro-ministro, pode considerar que os juros que o estado não pagou seja uma receita adiada? Será que o Estado português empresta dinheiro ao Estado português para financiar a sua dívida e lhe cobra juros?
Percebo pouco de questões políticas e económicas, mas gosto de ler as suas opiniões, embora possa não as entender por vezes. Esta é uma delas. Poderia explicar um pouco melhor esta situação? Porque é que considera essa ideia errada, ou seja, despesas públicas trazem ou não benefícios ao país, e que se é vantajoso corta-las, que contrapartidas essa medida trará ao país?
Os melhores cumprimentos!
A ideia de que as despesas por serem públicas têm logo automaticamente benefícios, é puramente ideológica. Não só o nosso governo embarcou nesta ideologia, como uma parte importante da nossa população continua a acreditar nisto, com os resultados que estão à vista - estamos endividados até à 5ª geração e a pagar fortunas em juros. Na prática, acredito que se devem aplicar as mesmas regras às despesas públicas que se aplicam às despesas das empresas ou das famílias: não se gasta o que não se tem, a não ser no que se considere serem investimentos sustentáveis a prazo, com o cuidado de não acumular créditos nem entrar em espirais de endividamento. Não perceber isto é andar cego de ideologia.
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