A prolongada estagnação económica actual será um pequeno soluço no caminho do desenvolvimento nacional ou será um sintoma de um mal-estar mais profundo da nossa economia? Será a recessão uma consequência da crise das contas públicas ou será indiciadora de uma grave crise estrutural da economia portuguesa? Estas são, sem dúvida, algumas das maiores questões que enfrentamos, questões ainda mais fundamentais para o futuro da economia nacional que o próprio equilíbrio das contas públicas, por muito importante que este seja para a economia a médio prazo.
De certa forma, o impasse económico que hoje vivemos é resultante da conjugação de três factores: a adesão ao euro, as imposições do Pacto de Estabilidade e a globalização da economia mundial. Em primeiro lugar, o euro ditou o fim das políticas cambiais e monetárias independentes, com graves consequências para a recuperação da economia em tempos de recessão. Durante décadas, quando a economia entrava numa recessão, a receita era simples: aumentavam-se as despesas públicas e desvalorizava-se a moeda (também havia a possibilidade de se imprimir mais dinheiro, mas este mecanismo não podia ser utilizado frequentemente). Estes dois mecanismos funcionavam como uma autêntica aspirina para os sectores em maiores dificuldades, pois tanto a procura interna crescia (devido ao crescimento das despesas públicas) como a procura externa era estimulada (visto que a desvalorização do escudo tornava as exportações mais baratas e as importações mais caras). A introdução do euro acabou de vez com esta situação.
De certa forma, o impasse económico que hoje vivemos é resultante da conjugação de três factores: a adesão ao euro, as imposições do Pacto de Estabilidade e a globalização da economia mundial. Em primeiro lugar, o euro ditou o fim das políticas cambiais e monetárias independentes, com graves consequências para a recuperação da economia em tempos de recessão. Durante décadas, quando a economia entrava numa recessão, a receita era simples: aumentavam-se as despesas públicas e desvalorizava-se a moeda (também havia a possibilidade de se imprimir mais dinheiro, mas este mecanismo não podia ser utilizado frequentemente). Estes dois mecanismos funcionavam como uma autêntica aspirina para os sectores em maiores dificuldades, pois tanto a procura interna crescia (devido ao crescimento das despesas públicas) como a procura externa era estimulada (visto que a desvalorização do escudo tornava as exportações mais baratas e as importações mais caras). A introdução do euro acabou de vez com esta situação.
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Em segundo lugar, as imposições do Pacto de Estabilidade conjugadas com a crise nas contas públicas retiraram margem de manobra à política fiscal, não sendo possível estimular a economia nem cortando os impostos nem aumentando as despesas públicas. Neste sentido, em retrospectiva, é notável apercebermo-nos da ausência de bom senso nos finais dos anos 90 quando se permitiu o crescimento da despesa pública para níveis insustentáveis logo na véspera da entrada para a moeda única, sabendo (como se sabia) que o Pacto de Estabilidade iria impor severos limites a nível fiscal.
E assim chegamos ao terceiro factor preponderante para a crise actual: o comportamento das exportações. Nas últimas décadas, um dos impulsionadores da economia nacional tem sido o sector exportador. Este sector tem tido um papel fundamental na recuperação económica em tempos recessivos, como sucedeu em 1993. Porém, contrariamente ao sucedido então, as exportações nacionais têm demonstrado uma inércia preocupante. Depois de uma recuperação promissora em 2004, as exportações estagnaram uma vez mais, só voltando a recuperar no primeiro trimestre de 2006.
Em segundo lugar, as imposições do Pacto de Estabilidade conjugadas com a crise nas contas públicas retiraram margem de manobra à política fiscal, não sendo possível estimular a economia nem cortando os impostos nem aumentando as despesas públicas. Neste sentido, em retrospectiva, é notável apercebermo-nos da ausência de bom senso nos finais dos anos 90 quando se permitiu o crescimento da despesa pública para níveis insustentáveis logo na véspera da entrada para a moeda única, sabendo (como se sabia) que o Pacto de Estabilidade iria impor severos limites a nível fiscal.
E assim chegamos ao terceiro factor preponderante para a crise actual: o comportamento das exportações. Nas últimas décadas, um dos impulsionadores da economia nacional tem sido o sector exportador. Este sector tem tido um papel fundamental na recuperação económica em tempos recessivos, como sucedeu em 1993. Porém, contrariamente ao sucedido então, as exportações nacionais têm demonstrado uma inércia preocupante. Depois de uma recuperação promissora em 2004, as exportações estagnaram uma vez mais, só voltando a recuperar no primeiro trimestre de 2006.
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Ora, como não existe margem de manobra a nível fiscal, como o investimento público não é capaz de originar os efeitos multiplicadores de outrora, como a evolução do investimento privado permanece desolador, e como já não temos as aspirinas das políticas cambiais e monetárias, a única possibilidade para a sustentabilidade da retoma é esperar que a recuperação das exportações seja duradoura. Porém, sabendo que uma grande quota das exportações nacionais é baseada em sectores de baixa produtividade, será que é realista esperar que as exportações guiem a economia nacional para a tão almejada retoma?
Não tenhamos dúvidas que o fim da actual estagnação económica vai estar intimimamente ligado ao comportamento das exportações. O investimento também é crucial, mas as exportações são fundamentais para a retoma. No sector exportador, a velha política de competitividade baseada em salários baixos e risível produtividade não é mais sustentável, devido ao alargamento da UE a Leste e à intensificação da globalização. Assim, é imperioso reforçar a aposta no aumento da qualidade e da produtividade da mão-de-obra nacional.
Ora, como não existe margem de manobra a nível fiscal, como o investimento público não é capaz de originar os efeitos multiplicadores de outrora, como a evolução do investimento privado permanece desolador, e como já não temos as aspirinas das políticas cambiais e monetárias, a única possibilidade para a sustentabilidade da retoma é esperar que a recuperação das exportações seja duradoura. Porém, sabendo que uma grande quota das exportações nacionais é baseada em sectores de baixa produtividade, será que é realista esperar que as exportações guiem a economia nacional para a tão almejada retoma?
Não tenhamos dúvidas que o fim da actual estagnação económica vai estar intimimamente ligado ao comportamento das exportações. O investimento também é crucial, mas as exportações são fundamentais para a retoma. No sector exportador, a velha política de competitividade baseada em salários baixos e risível produtividade não é mais sustentável, devido ao alargamento da UE a Leste e à intensificação da globalização. Assim, é imperioso reforçar a aposta no aumento da qualidade e da produtividade da mão-de-obra nacional.
Neste sentido, paradoxicalmente, a crise actual representa a melhor oportunidade que temos para reformar a economia nacional. Graças à crise, algumas reformas têm sido iniciadas, mas ainda falta muito por fazer. Similarmente, se a curto prazo, um euro forte é sinónimo de desemprego em muitos dos nossos sectores tradicionais, um euro forte representa igualmente a melhor oportunidade que temos para estimular a produtividade dos nossos sectores exportadores, que se vêem forçados a reestruturar e a aumentar a produtividade dos seus factores produtivos.
Se os sectores exportadores nacionais aproveitarem os desafios e as exigências do euro e utilizarem a crise para reestruturarem as suas organizações e produções, então poderemos ter a certeza que a economia nacional emergirá da estagnação actual muito mais forte e robusta, ficando muito mais preparada para competir num mundo cada vez mais globalizado e competitivo. É a nós que nos compete decidir se a crise deve ser vista somente como uma ameaça ou também como uma oportunidade.
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