15 maio 2008

O MITO DA CRISE ALIMENTAR (2)

A propósito do post sobre a crise alimentar, um anónimo teve o seguinte comentário:
"Tenho que discordar com o titulo deste post. A verdade é que estamos perante uma crise alimentar. Não é a toa que o IMF e o Banco Mundial e os analistas estão preocupados. Concordo que nao e a crise prevista por Malthus, mas e sem duida uma crise. A subida dos precçs é assustadora. Se não acredita pense só no seguinte, podemos dizer que aproximadamente existe 1 biliao de pessoas que vive com $1 por dia. se tivermos em conta algumas estimativas (conservadoras por sinal) de que o custo da comida aumentou cerca de 20% (e em alguns lugares aumentou ainda mais), podemos concluir que cerca de 100m pessoas vao ver a sua vida piorar e regressarao ao nivel de $1 por dia, que e nem mas nem menos que o indicador da pobreza absoluta.sabemos que tambem parte deste custo se deve a duas grandes forcas1) o uso de cereais para os ditos bio combustiveis. 2) o use de politicas como a CAP por parte de paises desenvolvidos, i.e. subsidios aos agricultores. Concluo então que o periodo das vacas gordas (i.e. cheap food) are long gone. Serão preciso boas politicas e um pouco de sorte para levar a economia para um novo equilibrio da maneira menos prejudicial para a economia. E até agora esta transição tem sido mais avassaladora do que os analistas tinham antecipado"
Caro anónimo,
Eu concordo que estamos a passar por uma delicada crise alimentar. Aliás, temos aqui mencionado várias vezes os protestos um pouco por todo o mundo contra o aumento dos preços. E concordo também que quem pagará o substancial aumento dos preços (que atingem os 50-60 por cento no caso de alguns cereais) são principalmente os mais pobres. São os mais pobres que gastam uma maior proporção dos seus baixos rendimentos em despesas de alimentação. E são os mais pobres que terão mais dificuldades em subsistir num cenário de subida generalizada dos preços alimentares. Por isso, concordo consigo quando afirma que muitos milhões de pessoas irão sofrer na pele as consequências da subida dos preços alimentares.
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No entanto, o que o post queria salientar era que, apesar da subida dos preços alimentares, esta não é uma crise Malthusiana, não é uma crise por causa da escassez alimentar, pelo menos a médio ou longo prazo. Como menciona e já aqui foi referido também, tanto os biocombustíveis, como políticas como a PAC, e, principalmente, a subida dos preços petrolíferos, foram responsáveis pela subida dos preços. Ora, como a pessoas (neste caso, os agricultores) respondem a incentivos, a subida dos preços irá levar a que os agricultores invistam mais nas suas terras e noutras mais marginais, fazendo aumentar a oferta alimentar e, deste modo, diminuindo a pressão dos preços dos produtos alimentares. Que há crise alimentar, há. O que não há é um cenário catastrofista como muitos neo-Malthusianos nos tentam impingir.

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