A prolongada crise que vivemos tem tido um efeito substancial no desemprego. Segundo dados do INE, em 2001 a taxa de desemprego rondava os 4% da população activa, enquanto actualmente esta taxa já está perto dos 8%. Em relação à população desempregada, existem dois factores que interessa salientar. Em primeiro lugar, a variação homóloga da taxa de desemprego revela que as faixas etárias mais atingidas têm sido entre os 25 e 34 anos, e entre os 35 e os 44 anos. O número de jovens à procura do primeiro emprego também tem aumentado consideravelmente. Nos últimos 2 anos, o desemprego não tem discriminado os trabalhadores de acordo com o nível de experiência no trabalho. Ainda mais significativamente, durante esse período tanto o sector dos serviços, como a indústria e construção tiveram aumentos substanciais do desemprego, e só no sector da agrícola é que houve uma diminuição da taxa de desemprego. Se o clima recessivo se mantiver nos sectores da indústria e do comércio, devemos esperar um aumento significativo do desemprego em Portugal.
Ainda mais preocupante é o facto do desemprego de longa duração ter vindo a aumentar significativamente nos últimos anos. Em 2004, o desemprego de longa duração aumentou cerca de 39%, enquanto o que desemprego com mais de 25 meses cresceu mais de 60%. Estes números não incluem obviamente nem os inactivos nem os trabalhadores que estão desencorajados de procurar emprego, e que se estimam em 80 mil indivíduos.
Ainda mais preocupante é o facto do desemprego de longa duração ter vindo a aumentar significativamente nos últimos anos. Em 2004, o desemprego de longa duração aumentou cerca de 39%, enquanto o que desemprego com mais de 25 meses cresceu mais de 60%. Estes números não incluem obviamente nem os inactivos nem os trabalhadores que estão desencorajados de procurar emprego, e que se estimam em 80 mil indivíduos.
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Igualmente, a taxa de desemprego não reflecte o crescente número de portugueses que decidem emigrar. Apesar de não atingir os valores históricos das décadas de 60 e 70, o fluxo emigratório tem vindo a crescer desde 2001. Assim, nos últimos anos, mais de 200 mil portugueses emigraram só para o Reino Unido, quer temporária quer permanentemente. Deste modo, é provável que o desemprego em Portugal só ainda não chegou aos 10% porque os portugueses têm emigrado em número considerável para países como o Reino Unido e a França. Apesar do mito da fuga de cérebros (o infame ‘brain drain’), a emigração continua a fazer-se de forma muito tradicional: em 2003, a grande maioria dos emigrantes portugueses possuía o ensino básico (77,4%), enquanto que somente 9% possuíam o ensino superior.
Em suma, o desemprego começa a atingir valores que já não estávamos habituados há bastante tempo. Dado que esta é principalmente uma crise de carácter estrutural, a tendência será provavelmente de agravamento do desemprego, pois não parece que nem a indústria nem o comércio sejam capazes de inverterem a sua situação recessiva a curto prazo. Qual é então a solução para o desemprego? Habitualmente, em períodos de desemprego o nosso Estado paternalista opta por uma estratégia de aumento da contratação de trabalhadores para a administração pública, quer a nível central quer local, ou pela intensificação dos projectos de obras públicas. Ora, a grave situação das contas públicas irá contrariar esta tendência, visto que não haverá grande espaço de manobra financeira. Este é um efeito positivo da crise das contas públicas, visto que a engorda da função pública não é sustentável a longo prazo. Por isso, mais uma vez, só nos resta uma opção: fazermos as reformas do Estado e microeconómicas que andamos há tanto tempo a apregoar e sempre a adiar. Mesmo que a curto prazo haja algum aumento do desemprego (que é, de resto, inevitável), a longo prazo construiremos uma economia mais saudável e equilibrada.
Igualmente, a taxa de desemprego não reflecte o crescente número de portugueses que decidem emigrar. Apesar de não atingir os valores históricos das décadas de 60 e 70, o fluxo emigratório tem vindo a crescer desde 2001. Assim, nos últimos anos, mais de 200 mil portugueses emigraram só para o Reino Unido, quer temporária quer permanentemente. Deste modo, é provável que o desemprego em Portugal só ainda não chegou aos 10% porque os portugueses têm emigrado em número considerável para países como o Reino Unido e a França. Apesar do mito da fuga de cérebros (o infame ‘brain drain’), a emigração continua a fazer-se de forma muito tradicional: em 2003, a grande maioria dos emigrantes portugueses possuía o ensino básico (77,4%), enquanto que somente 9% possuíam o ensino superior.
Em suma, o desemprego começa a atingir valores que já não estávamos habituados há bastante tempo. Dado que esta é principalmente uma crise de carácter estrutural, a tendência será provavelmente de agravamento do desemprego, pois não parece que nem a indústria nem o comércio sejam capazes de inverterem a sua situação recessiva a curto prazo. Qual é então a solução para o desemprego? Habitualmente, em períodos de desemprego o nosso Estado paternalista opta por uma estratégia de aumento da contratação de trabalhadores para a administração pública, quer a nível central quer local, ou pela intensificação dos projectos de obras públicas. Ora, a grave situação das contas públicas irá contrariar esta tendência, visto que não haverá grande espaço de manobra financeira. Este é um efeito positivo da crise das contas públicas, visto que a engorda da função pública não é sustentável a longo prazo. Por isso, mais uma vez, só nos resta uma opção: fazermos as reformas do Estado e microeconómicas que andamos há tanto tempo a apregoar e sempre a adiar. Mesmo que a curto prazo haja algum aumento do desemprego (que é, de resto, inevitável), a longo prazo construiremos uma economia mais saudável e equilibrada.
1 comentário:
Tenho 48 anos e desde que comecei a tomar consciência do mundo (aí por volta dos 15 anos) comecei a ter consciência que me pedem sempre sacríficios no curto prazo para ter benefícios no longo prazo. O problema é que o longo prazo nunca chega e já passaram 33 anos. E desconfio que aos meus filhos, netos, bisnetos e descentes até à décima sétima geração continuarão a pedir sacríficios de curto prazo com a promessa de benefícios no longo prazo.
Desde que me conheço que oiço falar em reformas estruturais, conjunturais e mais o diabo que o valha. Por mais reformas que se façam o pedido de sacrifícios a curto prazo e a promessa de felicidade a "longo prazo" volta sempre.
Parafraseando a canção, "para esse peditório já dei".
E o Álvaro, que penso ser bastante mais novo do que eu, um dia cairá no mundo real e chegará à mesma conclusão.
AP
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