Nos últimos dias tem havido um grande debate sobre o relatório da Comissão Europeia que aponta graves desigualdades sociais e de rendimentos em Portugal. Apesar de toda a polémica, pouco ou nada foi dito sobre os números dessas mesmas desigualdades. Por isso, nos próximos dias, irei destilar e decifrar o relatório segundo as suas diversas componentes. Entretanto, aqui fica um extracto da introdução desse mesmo relatório:
"Sublinhando as debilidades estruturais da economia, a taxa de crescimento média do PIB em 2001-2006 foi inferior a 1% ao ano (0,4% em 2005). A taxa de emprego total diminuiu de 68,4% em 2000 para 67,5% em 2005. Contudo, as metas de Lisboa estão ainda ao alcance e os objectivos intermédios para as taxas de emprego das mulheres e dos trabalhadores mais velhos foram atingidos em 2005 (61,7% e 50,5%, respectivamente). A taxa de desemprego aumentou de 4% em 2000 para 7,6% em 2005, com um impacto significativo no desemprego dos jovens e de longa duração. Em 2005, a taxa de abandono escolar precoce continuava extremamente elevada, situando-se nos 38,6%, e os níveis de escolaridade dos jovens registavam valores muito baixos (48,4%). Estes dois indicadores sobre a educação apresentam valores que colocam Portugal muito abaixo da média da UE. O risco de pobreza após transferências sociais (20% em 2004) e as desigualdades na distribuição dos rendimentos (rácio de 8,2 em 2004) são das mais elevadas na UE. As crianças e os idosos constituem as categorias mais expostas ao risco de pobreza. Segundo as previsões, Portugal deverá enfrentar, nas próximas décadas, um envelhecimento demográfico mais acelerado do que a maioria dos Estados-Membros da União Europeia. O rácio de dependência dos idosos deverá aumentar de 25,2%, em 2004 para 58,1%, em 2050. As despesas com os regimes de pensões públicos representavam 11,1% do PIB em 2004, prevendo-se um aumento de 9,7 pontos percentuais até 2050. A esperança de vida à nascença (74,9 para os homens e 81,5 para as mulheres em 2004) está ligeiramente abaixo da média de UE1, revelando um aumento significativo desde 1995 (71,6 e 78,7) e uma evolução regular ao longo do tempo (63,8 e 70,3 em 1971). A esperança de vida com boa saúde (59,8 e 61,8 em 2003) estava abaixo da média da UE em 20032, tendo-se mantido estável desde 1995 para os homens, com uma ligeira redução para as mulheres. A mortalidade infantil (4 em 2004) está próxima da média da UE (4,5), tendo passado de 77,5 em 1960 e 7,5 em 1995. A mortalidade perinatal (5,1 em 2003 e 4,4 em 2004) está próxima da média da UE, registando uma redução substancial em relação aos 41,1 de 1960."
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