Já aqui falámos várias vezes de Jumpa Lahiri. Se precisa ainda de mais motivos para ler um dos seus livros, leia esta peça do Guardian sobre a escritora. Segundo o jornal, "Lahiri's new book, both the NYT and Time magazine said, represents a fundamental shift in direction of the American novel. No longer could it be considered under the direction of white, American-born men; the new direction of American letters - allowing for minor adjustments in course by writers such as Jonathan Franzen, David Foster Wallace or Michael Chabon - is now informed by the experience of the immigrant."
É verdade. Lahiri é muito especial, porque marca o aparecimento decisivo da literatura dos imigrantes na América. Esta é uma tendência que se tem vindo a impor em países que registam uma forte componente de imigração, tais como o Canadá, os Estados Unidos (com escritores como Lahiri, Ha Jin, Junot Diaz, Alexander Henmon, entre muitos outros), e o Reino Unido (incluindo Monica Ali). O mesmo se passa com os turcos na Alemanha. É natural. Todos estes países têm largas comunidades imigrantes e são crescentemente sociedades multi-raciais e multi-culturais.
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E assim chegamos à pergunta inevitável: e Portugal? Porque não temos mais literatura dos nossos imigrantes? É certo que ainda não passou tempo suficiente para termos muitos ucranianos ou brasileiros (por exemplo) a escrever sobre a experiência imigrante no nosso país. Mas, porque é que não existem mais escritores africanos a escrever sobre o assunto? Porque é que não há mais escritores africanos a escrever sobre a nossa colonização e sobre a guerra? Sobre a experiência do que é viver em Portugal? Porquê?
2 comentários:
Por acaso já existe um livro desse tipo: "Reflexões de um espanhol em Portugal". A edição é da D. Quixote.
Caro António
Obrigado pela sugestão. Irei comprá-lo
Alvaro
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