01 outubro 2010

CORTES NA DESPESA

Já que o Ministro das Finanças não sabe onde cortar mais despesa para que possa evitar a subida do IVA e um novo agravamento da carga fiscal, aqui vai uma citação do meu novo livro, "Retomar o Sucesso", que será brevemente editado pela Gradiva, onde se faz um retrato exaustivo do despesismo do nosso Estado e onde, entre outras coisas, se contam os números das entidades e organismos estatais:

"Segundo a contabilidade mais recente da Administração Pública nacional, existem em Portugal nada mais nada menos do que 349 Institutos Públicos, 87 Direcções Regionais, 68 Direcções-Gerais, 25 Estruturas de Missões, 100 Estruturas Atípicas, 10 Entidades Administrativas Independentes, 2 Forças de Segurança, 8 entidades e sub-entidades das Forças Armadas, 3 Entidades Empresariais regionais, 6 Gabinetes, 1 Gabinete do Primeiro Ministro (bem grande, diga-se), 16 Gabinetes de Ministros, 38 Gabinetes de Secretários de Estado, 15 Gabinetes dos Secretários Regionais, 2 Gabinetes do Presidente Regional, 2 Gabinetes da Vice-Presidência dos Governos Regionais, 18 Governos Civis, 2 Áreas Metropolitanas, 9 Inspecções Regionais, 16 Inspecções-Gerais, 31 Órgãos Consultivos, 350 Órgãos Independentes (tribunais e afins), 17 Secretarias-Gerais, 17 Serviços de Apoio, 2 Gabinetes dos Representantes da República nas regiões autónomas, e ainda 308 Câmaras Municipais, 4040 Juntas de Freguesias, e 1226 estabelecimentos de educação e ensino básico e secundário. A estas devemos juntar as CCDRs e as Comunidades Inter Municipais, centenas de Observatórios e as sempre misteriosas e omnipresentes Fundações.
Nota: Mesmo se não contarmos com as 238 Universidades, Institutos Politécnicos, Escolas superiores e Serviços de Acção Social, o número de Institutos Públicos é ainda de 111, um número extraordinário para um país das nossas dimensões".
Ora, perante estes números, perante a enormidade e a omnipresença do nosso Estado (que ainda é dono de empresas que equivalem a cerca de 5% do PIB), perante as mais-que-evidentes clientelas e grupos de interesses que fomentam e reproduzem o despesismo voraz e descontrolado das Administrações Públicas, será que é assim tão difícil perceber onde é que se deve cortar a despesa? Será? Será que precisamos que venha cá o FMI para nos indicar o que é assim tão óbvio? Será que mais um agravamento da carga fiscal, que decerto nos atirará para uma nova recessão, é mesmo necessário, senhor Ministro? Sinceramente, parece-me que não.

9 comentários:

Carlos Pereira disse...

Temos até alguns Institutos que se confundem uns com os outros, não se poderia por exemplo fundir o Instituto da água com o Instituto hidrográfico? Então, Institutos ligados à agricultura são por demais, ele é IFADAP, IFAP, IAMA, IVV, INRB, IVDP, IGAP, AFN e tantos outros, podemos ainda juntar as várias Direcções-Gerais e Regionais, ao certo ninguém sabe bem o que eles fazem, mas que estão lá estão!

Carlos Pereira

Gi disse...

Oh Álvaro, como eu desejei que alguém naquela sala se levantasse e respondesse ao ministro!

Unknown disse...

Álvaro, só não vê quem não quer. Se fosse uma empresa privada, o Estado já teria fechado portas. Mas como se divide a falência pelos contribuintes vamos falindo todos pouco a pouco.

JAM disse...

Caro Álvaro, bem-vindo de regresso aos web postais. Acerca do seu texto, concordo com a quase totalidade do que escreveu porque penso que a boa governação traduz-se por acertadas medidas estruturais e não por remendos conjunturais. Um abraço algarvio,
JAM

Anónimo disse...

Falta a renegociação das parcerias publico privadas.

Anónimo disse...

Parabéns e coloque depressa o seu novo livro na estante das livrarias. É preciso... É urgente... que o bom senso seja usado ao serviço da nação.

Unknown disse...

Toda a gente está assustada com este panorama socio-económico. Vai doer e não vai ser pouco, no entanto quando a asfixia acabar (esperança nunca é demais), as reformas essenciais para que não volte a acontecer vão ficar por fazer e daqui a alguns anos iremos ter exactamente os mesmos problemas. Os politicos vêm e vão, no entanto aqueles que estão logo abaixo em acessorías e departamentos permanencem como polvos num emaranhado de interesses e que não prestam contas em eleições!

ZeManL disse...

Apenas uma chamada de atenção para o Carlos Pereira :
o IFADAP já não existe. Foi integrado no IFAP, tal como o INGA.

Anónimo disse...

A questão é bem mais vasta.
Olhemos para o mundo...
Está todo do aveso, mais uns que outros mas já não faz sentido!
O que está em causa é pois o modelo de sociedade, completo.
Portugal, como o mais "afundado", talvez a Itália e a Grécia estejam perto, deve ser o motor dessa nova sociedade.
Espero pelo "Quinto Império" e por um D. Sebastião, caso contrário, não serão os nossos discursos que mudarão Portugal e o Mundo. A ampulheta está a chegar ao fim.

Bem haja os promotores do blog.