20 outubro 2010

PORTUGAL SERÁ UMA ARGENTINA?

Um dos exemplos da Economia mais paradigmáticos dos erros e dos excessos da política económica é-nos dado pela Argentina no século 20. Nas primeiras décadas desse século, o país experimentou um forte crescimento económico, sendo encarado como um verdadeiro caso de sucesso. No entanto, e contrariamente ao previsto, todo este sucesso foi arruinado nos anos seguintes por uma série de más políticas, que condenaram o país a décadas de desempenho económico medíocre.
As coisas começaram a descambar nos anos 1930, quando o mundo viveu sob a sombra da Grande Depressão. Como a Argentina era um país exportador, o proteccionismo desse período desferiu um rude golpe na economia argentina. Porém, e apesar de alguma volatilidade, as coisas até não estavam a correr mal até que o popular e populista Juan Perón chegou ao poder. Perón apresentou-se como um grande modernizador, um líder que traria o país definitivamente para o seio das nações desenvolvidas. Como? Investindo em infra-estruturas, aumentando a carga fiscal dos malvados dos empresários e dos agricultores, melhorando os salários dos trabalhadores e promovendo uma política de investimentos em sectores campeões nacionais.
As consequências destas políticas foram desastrosas: os défices orçamentais acumularam-se, a dívida pública explodiu, e competitividade da economia foi arruinada. A Argentina nunca mais recuperou. Ainda hoje, várias décadas depois, a Argentina sofre por causa das más políticas de Perón.
Nós também já temos o nosso Juan Perón. Esperemos mas é que não soframos o mesmo destino da Argentina.

NOTA: Meu artigo na Notícias Sábado no último fim-de-semana

1 comentário:

Carlos Afonso disse...

Professor Álvaro Santo Pereira,

Sou um leitor recente do seu blog. A leitura que faço deste e de outros blogs, levanta uma questão pertinente. Com tanta gente capaz que o nosso país criou e desenvolveu, porque não se implementa a teoria na prática? O diagnóstico está feito.
Será que os grupos de interesses são assim tão poderosos que não consigamos aplicar as melhores políticas?
Considero-me uma pessoa preocupada com o país, será que teremos sempre esta fatalidade pela frente?

Cumprimentos,
Carlos Afonso