Numa altura em que sabemos que o Orçamento para o próximo ano vai ser aprovado e que a probabbilidade de haver eleições no primeiro semestre de 2011 é elevada, penso que chegou a hora de começarmos a debater o futuro e as prioridades da política económica para o próximo governo. Neste sentido, seria bom se os partidos da oposição começassem não só a preparar as eleições que se adivinham, mas também que, principalmente, começassem a preparar muito bem o terreno para a próxima governação. Porquê? Porque a próxima legislatura será a mais difícil das últimas décadas, visto que o próximo governo irá herdar uma situação económica e financeira extremamente complicada e atribulada. Como já não há mais margem de manobra para nos continuarmos a iludir sobre a situação económica e financeira do país, é fundamental que o principal partido da oposição (que certamente participará no próximo governo) apresente propostas muito concretas sobre os três grandes problemas nacionais, que são:
1) como solucionar o crescimento económico anémico (e o desemprego que lhe está associado)?
2) Como resolver a crise das finanças públicas?, e,
3) Como solucionar a crise do endividamento externo?
O ideal era que o principal partido da oposição (bem como a restante oposição) apresentasse aos eleitores um conjunto de medidas simples e fáceis de entender sobre como o próximo governo pretende resolver cada um destes problemas. Penso que a apresentação de propostas concretas para uma nova política económica é essencial não só para uma estratégia eleitoral bem sucedida, mas também para que o próximo governo chegue ao poder bem preparado e com uma estratégia bem definida sobre como atacar as dificuldades actuais. Não adianta somente diagnosticar os males do país ou dizer à posteriori que tínhamos razão, que nós bem tínhamos avisado que o endividamento era insustentável ou que a crescente dívida pública e o despesismo do Estado estavam a contribuir para a crise económica. Já se viu nas últimas legislativas que esta é uma estratégia destinada ao fracasso.
Por isso, penso que é fundamental que, nos próximos meses, os partidos comecem a apresentar e discutir soluções concretas sobre como podemos solucionar os nossos problemas, para que os portugueses percebam muito claramente que há uma alternativa às más políticas dos últimos 15 anos e que essa alternativa tem um rumo bem definido.
4 comentários:
Álvaro, não quer comentar?
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1699136
A receita para o crescimento económico do país não é nem nunca será, uma receita baseada em políticas de agravamento de impostos, de redução salarial ou de cortes sociais.
Os “fazedores de opinião” do sistema, os “politólogos, economistas e jornalistas de serviço” não se cansam de afirmar na comunicação social de que os portugueses “vivem acima das suas possibilidades” e portanto torna-se necessário e inevitável a adopção de tais políticas.
E, porque tais medidas atingem sobretudo os 20% de pobres e 65% da população que vive do seu ordenado (em média o mais baixo da zona euro) ou do seu pequeno negócio, serão estes, 85% da população que, na cabeça daqueles senhores, “vivem acima das suas possibilidades” e assim, os culpados directos do défice público e do agravamento da crise económica e financeira do país. Claro que quem assim fala integra os restantes 15% da população, felizardos que nunca terão vivido tão bem como agora. Pertencem a esta casta de privilegiados, os gestores públicos nomeados politicamente para cargos de direcção nos múltiplos órgãos em que se converteu a Administração Pública, os governantes e seu séquito de assessores, os gestores privados dos grandes grupos económicos e financeiros e poucos mais.
O raciocínio desta gente é simples. Encontrando-se as contas públicas em permanente défice em cada ano orçamental, tal significa que o Estado não tem receita capaz e, como tal, estará a distribuir mais do que tem, pelo que só haverá uma solução, o aumento de impostos, a redução salarial e os cortes sociais. Não se questiona sobre os gastos supérfluos dos órgãos parasitários da Administração Pública, criados sobretudo desde há quinze anos e responsáveis pelo brutal agravamento das contas públicas da ordem dos 10% do PIB. Num verdadeiro saqueio institucional, forjado pelo “sistema corrupto institucional” que tão sabiamente a nossa classe política soube erguer e que se tornou num fardo demasiado pesado sobre os ombros de 85% da população portuguesa. Só e apenas quando, os portugueses romperem com este sistema corrupto institucional em que vivemos, com uma nova reformulação da Administração Pública, será possível um desenvolvimento económico sustentável e convergente, sem aumento de impostos nem cortes sociais. Pelo contrário, será possível não só uma diminuição de impostos como ampliar os serviços e os apoios, tão limitados agora, prestados pelo Estado.
Alvaro, tendo presente as diferentes realidades económicas do Reino Unido e de Portugal, será interessante compreender a estratégia de contenção de despesa do governo (actualmente em coligação). No Reino Unido existe um plano para cortar 500.000 empregos na administração pública em 4 anos (desconheço a percentagem da população activa):
http://www.newsandstar.co.uk/news/government-announces-almost-500-000-job-cuts-over-four-years-1.770751?referrerPath=
Recebi também informação por parte de um local que estão já identificados os ministérios e sectores onde estes cortes serão efectuados. Assumindo que os cortes não afectarão os serviços prestados pela administração pública, parece-me uma medida mais justa do que cortar 5% na massa salarial dos F.P. Cumprimentos.
Caro Àlvaro,
Não são os partidos que têm de resolver os nossos problemas. A qualidade dos nossos partidos reflecte a nossa qualidade como povo.
Nos periodos em que alguma riqueza chegou a Portugal, com as especiarias da India, com o tráfico de escravos, a exploração do ouro e diamantes do Brasil e ultimamente com os fundos estruturais da UE, essa riqueza apenas serviu para esbanjarmos e importarmos do exterior fortalecendo a riqueza dos outros.
Mandamos capitães da industria para o Brasil como Champalimaud porque eram fascistas. Desmantelamos a CUF, a Lisnave e a Setenave. Desmantelamos a nossa frota pesqueira e a agricultura.
O Álvaro tem de conhecer tão bem ou melhor do que eu a História económica e social de Portugal. O Àlvaro sabe perfeitamente que quase nada produzimos ao longo dos séculos em Portugal. Que o nosso povo foi sempre miserável e atrasado. Vivemos sempre de aparências.
Caro Àlvaro, por detrás de tudo isto está toda uma questão cultural e de identidade de um povo. Ainda hoje o português pode não ter para comer em casa mas não dispensa o seu Audi.
O Àlvaro sabe perfeitamente que aquilo que está a suceder actualmente já sucedeu a papel quimico nos finais do seculo XIX. E já terá acontecido antes.
Julgo que o Álvaro saberá que aquando da conquista de Portugal aos Mouros, tinhamos uma enorme falta de população e deixamos ficar por cá uma quantidade enorme de mouros com a condição de que não praticassem abertamente a sua religião e que aceitassem a autoridade politica dos monarcas portugueses.
Caro Àlvaro, nós somos mouros. Corre-nos o sangue mouro nas veias. Passamos séculos a cobiçar Marrocos e nunca olhamos para a Europa. E sonhamos sempre com um D.Sebastião vindo de Marrocos e nunca com o exemplo da dinâmica Europeia.
Serão precisas muitas décadas para mudarmos o nosso rumo. Mas para isso seria necessário nós queremos mudar de rumo. Mas não é isso que está a acontecer.Cada vez mais nos aproximamos de Marrocos.
Antonio
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