25 outubro 2010

LEGADOS DESTE GOVERNO (4) _ PRODUTIVIDADE ZERO

Outros dos lamentáveis legados deste governo foi não ter conseguido inverter a pronunciada descida da produtividade nacional que ocorreu na última década. Como podemos ver no gráfico abaixo, a produtividade total dos factores portuguesa tem vindo a decair sucessivamente nos últimos anos. Actualmente, o crescimento da produtividade total dos factores é já negativo. E se tivermos em linha de conta a média dos últimos 5 anos, verificamos que a produtividade total dos factores tem crescido a uma taxa média a rondar os zero por cento ao ano (Para quem não conhece o economês, este é um indicador da produtividade de todos os factores incluídos na produção de bens e serviços, tais como o trabalho, o capital e a terra).
Se atentarmos para a produtividade laboral, a conclusão é exactamente a mesma: a taxa de crescimento da produtividade nacional tem vindo a decrescer significativamente nos últimos anos. Isto apesar do propagado Plano Tecnológico, das Novas Oportunidades que melhoram as nossas estatísticas da Educação aos olhos do mundo, e do "notável" esforço de "modernização" do país.
Ora, contrariamente a toda a propaganda, o declínio da taxa de crescimento da produtividade nacional é simplesmente o factor mais importante para explicar o nosso medíocre crescimento económico na última década. Um declínio que, como é óbvio, as políticas económicas do governo não conseguiram contrariar. Bem pelo contrário. As más políticas dos últimos anos só acentuaram ainda mais os nossos problemas de competitividade (através de uma maior carga fiscal) e as nossas insuficiências de produtividade.
E a verdade é que só quando conseguirmos inverter esta tendência negativa da produtividade e implementarmos melhores políticas (e melhores práticas organizacionais) é que iremos alcançar uma retoma económica sustentada.

Crescimento da produtividade total dos factores em Portugal, 1960-2009

Fonte: AMECO

6 comentários:

Jose Silva disse...

Para saber o que é efectivamente a produtividade e como se incrementa recomendo a leitura regular do blogue balancedscorecard.blogspot.com.

O seu conceito está muito incompleto pois apenas se baseia nos custos.

Alvaro Santos Pereira disse...

Caro José Silva

Muito obrigado pelo comentário. Sou leitor regular desse blogue.
No entanto, o conceito de produtividade aqui mencionado é o conceito macroeconómico. A produtividade total dos factores é considerado o factor mais importante para explicar por que é alguns países são pobres e outros são ricos.

Abraço

Alvaro

Insurrecto Meditativo disse...

Costumo acompanhar o seu blogue e, como sempre, aprecio bastante o que o professor escreve.

De facto, e venho a dizê-lo há muito tempo, Portugal bate-se com um terrível problema de falta de produtividade.

Quando estudei a economia portuguesa (disciplina Economia Portuguesa e Europeia) os dados relativos à produtividade são claros, são evidentes, mas, infelizmente, são negligenciados pela sociedade, principalmente o segmento que deveria estudar este tipo de dados.

Em Portugal é impossível debater a falta de produtividade, porque tal debate conclui-se sempre em espremer ainda mais o trabalhador, etc. É a triste sina de um país pouco competitivo, pouco produtivo, e altamente endividado.

Depois, culpam os mercados, as agências de rating, etc.

Insurrecto Meditativo disse...

E quem mais critica - sindicatos, BE e PCP - esquece casos do passado, como a Alemanha, que agora criticam por, veja-se, não consumir/comprar bens dos outros.

Portugal tem aquilo que merece, infelizmente. Quem anda 10 anos a brindar ao situacionismo da economia...

Insurrecto Meditativo disse...

Peço desculpa por aqui vir mais uma vez, mas esqueci-me de referir a importância dos custos unitários do trabalho, que, em Portugal, são elevados.

Jose Silva disse...

Caro Álvaro S. Pereira,

Lamento confronta-lo, mas se efectivamente lesse o BSC regularmente, não transmitiria o conceito de Produtividade como fez no post.

Efectivamente a Produtividade não é mais do que o somatório das margens operacionais das empresas instaladas num território.

E como tal pode ser incrementada, aumentando as vendas ou reduzindo os custos. Infelizmente em Portugal, ou melhor, entre os economistas portugueses mainstream, nos quais obviamente não me incluo, tem uma visão errada, incompleta sobre o conceito de produtividade.

Aqui há várias referências ao impacto do preço do produto ou serviço no incremento da produtividade: http://en.wikipedia.org/wiki/Productivity

E como explica Vitor Bento no seu «nó cego» quem dá cabo da produtividade é o sector dos BSNT que explora o upgrade na cadeia de valor que o sector BST tem obtido nos últimos anos. A política económica errada tem sido de beneficiar o sector BSNT.