13 outubro 2010

O QUE É PORTUGAL É BOM


"Numa altura em que vivemos a nossa maior crise económica do último século, há que procurar caminhos que nos permitam ultrapassar as dificuldades causadas pelo elevado endividamento externo e pela estagnação económica da última década. Não tenho dúvidas que um dos caminhos a explorar passa pela aposta em muitos dos nossos produtos mais tradicionais. Portugal tem produtos tradicionais fantásticos que, se fossem bem aproveitados e comercializados, têm o potencial para se tornarem em verdadeiros casos de sucesso nos mercados mundiais. Afinal, quem diria, há uns anos atrás que o frango de churrasco iria rivalizar com o McDonalds no negócio multimilionário da fast food? Quem diria que o fado da Mariza e da Mízia se iria tornar num enorme fenómeno da World Music? Quem diria que Portugal conseguiria produzir, ao mesmo tempo, o jogador e o treinador mais mediáticos e famosos do mundo? 
E se é assim com o fado, com o futebol, e até com o frango de churrasco do Nando’s, por que não fazê-lo com outros produtos tradicionais portugueses? Por que não apostar em exportar os nossos pasteis de nata e de Belém? Por que não desenvolver mais vinhos de sucesso como o Mateus Roses? Mais azeites que rivalizem em preço, qualidade e marketing com os italianos e os gregos? Mais produtos agrícolas? Mais artesanato? 
Não há que ter vergonha por apostar em produtos tradicionais. Muito pelo contrário. Há que ter orgulho. Orgulho e uma boa estratégia de marketing. Os outros países fazem-no constantemente. Os franceses têm os vinhos, o camambert e os patés. Os britânicos têm os produtos engalanados com a sua bandeira. Os canadianos têm o trigo e a madeira. E os americanos têm as frutas californianas. Todos estes produtos são exportações importantíssimas para estes países. Todos estes produtos são fundamentais para o sucesso e para o bem-estar destes países. 
E se é assim com os outros, por que é que nós não podemos fazer o mesmo? Por que é que nós não valorizamos os nossos produtos tradicionais? Não faz sentido. A verdade é que muitos dos nossos produtos tradicionais têm enormes  potencialidades. Os produtos já temos. Só nos falta um maior orgulho maior. Um orgulho português que contagie os mercados mundiais e que nos ajude a sair da crise."

Nota: Meu artigo na revista FADO de Julho passado. A revista FADO dedica-se à promoção e à divulgação dos produtos nacionais.

3 comentários:

Gi disse...

Orgulho e marketing, Álvaro, para se criar uma imagem forte que Portugal não tem.
Tratassem o ICEP e o Turismo de Portugal de nos promover lá fora em vez de fazerem campanhas tontas cá dentro.
E passassem as nossas associações profissionais a promover os seus associados em vez dos seus dirigentes.

democracia participativa disse...

Plenamente de acordo com a sua opinião sr Álvaro só que tem um senão: é que os sucesivos governos que tem passado na assembleia da républica tem desincentivado a agricultura e além disso para isso ser possivel e sermos competitivos teriamos que proceder a uma politica de emparcelamento do nosso território porque a propriedade rural está muito dividida.Mas concerteza que no futuro esse terá que ser obrigatoriamente um dos nossos objectivos.
revoltatuga.blogspot

Guillaume Tell disse...

Sem dúvida houve um desincentivo total para com os sectores tradicionais. Para além do que disse o democracia demonstrativa, eu acresentaria a fraca qualificação dos productores (em termos de conhecimentos de marketing em particular).
É preocupante esta falta de orgulho, de visão de longo prazo, de promoção do país... temos que mudar inteiramente o nosso sistema educativo e reciclar os nossos gestores. Só assim as coisas andam.